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Zoop testa seu "ITP as a service" com iFood e OLX; solução será apresentada ao mercado na semana que vem

A Zoop, uma das fintechs especializadas em finanças embarcadas mais antigas do país, acaba de colocar no ar o piloto do seu novo negócio: Iniciador de Transação de Pagamento “as a service”. O CEO da Zoop, Fabiano Cruz, disse com exclusividade ao Portal Fintechs Brasil que o serviço está sendo testado pelos e-commerces iFood (que faz parte do portfólio do Movile, grupo que também investe na Zoop) e OLX. O “ITP as a Service” da Zoop será oficialmente apresentado ao mercado na semana que vem, durante o Fórum E-Commerce Brasil 2023.

A Zoop não tem licença de ITP e vai usar a de um grande banco para permitir aos clientes dos seus clientes (os consumidores das plataformas de e-commerce) realizarem os pagamentos sem precisar sair do aplicativo ou do site do estabelecimento. Inicialmente, a função de ITP está disponível apenas para pagamentos com PIX.

“O ITP reduz significativamente o índice de desistência das compras online, pois diminui de oito para duas etapas o processo de pagamento”, diz Cruz.  O iniciador de pagamentos é o primeiro produto da Zoop dentro do ecossistema do Open Finance.

Há cerca de um ano e meio, o CEO concedeu uma entrevista ao canal no Youtube do portal falando sobre tendências em meios de pagamento. “Desde então, o mercado evoluiu muito”, diz. “O e-commerce atingiu R$ 262 bilhões em movimentação financeira no ano passado, um crescimento de 10% sobre 2021, e neste ano a expectativa é de crescer ainda mais”. Para ele uma dos maiores alavancas desse crescimento é o sucesso do PIX, que já conquistou mais de 100 milhões de usuários.

NuTap e “bancos contextuais”

Segundo Cruz, de 2018 a 2022 a empresa cresceu cerca de 50 vezes em receita bruta e aumentou em mais 535 vezes o total de pagamentos processados. A Zoop tem mais de 650 parceiros, processou mais de R$ 57 bilhões em transações em 2022, e contabilizou quase R$ 150 bilhões em total de pagamentos processados entre suas plataformas de pagamento e bancárias (cash-in e cash-out). Somente em sua unidade de pagamentos, foram mais de 300 milhões de transações.

O CEO também está animado com os resultados do NuTap, solução do Nubank com tecnologia Zoop que permite a clientes PJ realizarem vendas por cartão sem precisarem de maquininha. Integrado ao app Nubank, o NuTap começou a ser gradualmente disponibilizado em maio para empreendedores que usam dispositivos com sistema operacional Android e NFC – tecnologia que viabiliza receber pagamentos por aproximação (sem contato). “A adesão dos clientes vem crescendo a um ritmo de três dígitos. Logo os pagamentos poderão prescindir de equipamentos, será tudo pelo celular. É uma revolução”, acredita.

Apesar de bastante empolgado com NFC, PIX e Open Finance, Cruz ainda é um entusiasta do Banking as a Service (BaaS). “Já há mais de 500 mil contas abertas por nossos clientes, com as suas marcas e a nossa tecnologia”, revela. Para ele, empresas não financeiras já começam a obter mais receitas com suas operações de banco do que com o core business – caso da Starbucks. O “banco dos restaurantes” do iFood e a OLX Pay são produtos locais desse tipo, construídos com a tecnologia da Zoop.

“Bancos contextuais (também conhecidos como composable banks) também já movimentam bilhões de dólares”, afirma. Bancos contextuais oferecem ao cliente informações, serviços e produtos exclusivos e pautados em determinado contexto, por meio de diversos canais, como SMS, e-mail e Whatsapp.

“Iniciadores”

O ITP é responsável por disparar o comando do cliente pagador, mesmo sem deter a conta dele, e faz o recurso cair diretamente na conta do recebedor. Cabe ao iniciador apenas esse pontapé inicial, ou seja, ele não pode nem precisa ter acesso aos fundos movimentados pelo cliente.

A figura do ITP é uma das modalidades de Instituição de Pagamentos que foi regulamentada pelo Banco Central em 2021, pela Resolução 80. Existem atualmente 21 instituições autorizadas a funcionar como ITP – o Nubank é o mais recente desta lista, em 20/6.

Cerca de um ano atrás, o Grupo FCamara foi o primeiro a levar a tecnologia de ITP ao e-commerce, conforme antecipamos nesta reportagem.

O que a Zoop está fazendo é a mesma coisa. Há dois caminhos para prestar esse serviço: se tiver a licença, a instituição pode “franqueá-la” a uma fintech ou e-commerce, como vem fazendo bancos como BTG, Itaú e também fintechs como Celcoin (que comprou a Finansystech no começo deste ano com esta finalidade) e Quanto; se não tiver, faz como Zoop, FCamara e a Lina OpenX por exemplo.