Clientes do Nubank já economizaram entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões em juros graças a insights financeiros a partir do compartilhamento de dados via Open Finance. A informação foi dada por Luciana Kairalla, diretora sênior responsável por Open Finance do Nubank, durante um painel no evento “Open Finance – 5 anos: conectando futuros“, realizado pelo Banco Central (BC) na quinta-feira (28/8).
De acordo com a executiva, atualmente 15 milhões de clientes do Nubank já compartilham dados por meio do Open Finance. “Com base nos dados que recebemos desses 15 milhões de clientes, vamos entendendo comportamentos específicos. O foco está sempre em oportunidades para que o cliente possa pagar menos juros, [evitar] tarifas indesejadas e fazer o dinheiro trabalhar mais a seu favor”, afirmou.
Um dos exemplos é o alerta de cheque especial, que identifica quando uma conta mantida pelo cliente em outra instituição fica sem saldo. “Mais de 3 milhões de pessoas foram impactadas por esse insight específico e 20% dessas pessoas tinham saldo [no Nubank] para cobrir a conta negativa no dia que enviamos a dica”, disse a executiva. Além disso, os clientes que recebem e seguem o alerta ficam, em média, três dias a menos em situação de cheque especial, de acordo com ela.
Segundo Luciana, o Nubank reúne hoje cerca de dez insights distintos baseados nos dados financeiros dos usuários, com base em informações via Open Finance. Entre eles estão simulações de ganhos ao transferir recursos da poupança para as “caixinhas” do Nubank, comparações de tarifas cobradas em outras instituições e mapeamento de assinaturas recorrentes. “Muitos clientes só percebem que estão pagando várias assinaturas quando veem todas consolidadas na tela. É uma forma de dar visibilidade do gasto mensal já comprometido.”
Mudança cultural
No Banco do Brasil (BB), cerca de 3,4 milhões de clientes acessam hoje casos de uso por meio dos dados via Open Finance, de acordo com Filipe Damian Preve, gerente-executivo de Open Finance do banco, também presente no painel. Segundo ele, a mudança na instituição foi até mais cultural do que técnica, com áreas internas absorvendo o Open Finance de forma autônoma. “O banco se forçou a repensar modelos de negócio e até crenças sobre o cliente”, disse Filipe.
Entre os casos de uso citados pelo executivo estão aumento de limite de crédito, atualização cadastral, portabilidade de crédito e pagamento de parcelas de consórcios. “As ofertas com dados Open convertem basicamente o dobro do que uma normal. Por quê? Por motivos óbvios. Temos assertividade, temos informação correta, tem um momento correto dentro do contexto”, explicou o executivo. Além disso, Filipe destacou que o BB integrou o Open Finance à sua plataforma analítica, um processo que era inicialmente separado.
ITP aqui e ali
Para o Google Pay, o Open Finance foi fundamental para viabilizar os serviços de pagamento via Pix sem que a carteira digital entrasse no fluxo financeiro das operações, disse Natacha Litvinov, responsável por Negócios para Pagamentos e Shopping do Google Pay na América Latina.
Por meio da iniciação de pagamento via Jornada Sem Redirecionamento (JSR), o Google Pay oferece Pix por Aproximação. Além disso, a big tech disponibiliza um botão no navegador Chrome que permite os pagamentos sem precisar alternar entre aplicativos durante compras online. Mais recentemente, o Google Pay passou a oferecer um recurso que identifica chaves Pix em mensagens por meio da função “circule para pesquisar”, criando atalhos diretos para pagamento sem necessidade de copiar e colar informações.
O Iniciador, especializado em infraestrutura de Open Finance e soluções de Pix, está presente em 60% dos Iniciadores de Transação de Pagamento (ITPs) puras – que atuam apenas dessa forma – e em mais de 20% das instituições que, além de ITP, operam em outras modalidades. As informações foram dadas por Marcelo Martins, CEO e fundador do Iniciador, no painel.
A fintech apresentou casos como o da Nomad, onde usuários podem depositar dinheiro via iniciação de pagamento, e da Stone, que implementou transferências inteligentes para trazer saldo de outras instituições. Outro exemplo, segundo o empreendedor, é o da Magie. A fintech permite realizar pagamentos e transferências por meio do WhatsApp, inclusive conectando outras contas bancárias via Open Finance. “Eu consigo, por exemplo, mandar um áudio e falar: ‘envia 20 reais para a Karen, por favor'”, citou Marcelo.
Relacionamento
O Sicredi, sistema cooperativo, aposta no Open Finance como parte da estratégia para fortalecer o relacionamento entre gerentes de negócios e associados, comentou Marta Dalpian Heis, superintendente de Soluções de Crédito e Negócios. Segundo ela, em mais de 200 cidades brasileiras, o Sicredi é a única instituição financeira. “A gente tem usado o Open Finance como um rico insumo para estreitar o relacionamento do gerente de negócios com o seu associado”, disse ela.
A instituição também lançou um organizador financeiro que integra contas, pagamentos e compromissos para os mais de 300 mil associados. O produto incorpora iniciação de pagamentos na jornada de onboarding, eliminando a necessidade de sair do aplicativo durante cadastros. “O objetivo foi conseguir trazer uma visão única, integrada, às finanças do associado para possibilitar que ele fizesse uma melhor escolha”, disse Marta.