MOMENTO CRÍTICO

Diretor do BC defende 'regulador forte' em meio a ataques hackers e orçamento sob pressão

Segundo Ailton Aquino, que comanda a diretoria de Fiscalização da instituição, inovação e regulação devem "caminhar lado e lado"

Ailton Aquino/Banco Central
Ailton Aquino/Banco Central | Imagem: print de tela

O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Ailton Aquino, defendeu nesta terça-feira (9/9) a importância de um regulador bancário “forte, resiliente e bem aparelhado” e enfatizou que o BC vem atuando fortemente para garantir um ambiente sólido, que estimula competição e inovação, ao mesmo tempo em que preserva a estabilidade do sistema financeiro.

As declarações de Aquino ocorrem num momento de pressão para o BC em diferentes aspectos. O orçamento apertado e a falta de pessoal têm levado os dirigentes e servidores da instituição a defenderem a aprovação da PEC 63. A Proposta de Emenda Constitucional, atualmente em tramitação no Senado, busca garantir autonomia financeira à autarquia. Já os recentes ataques hackers com transações via Pix fizeram o BC não só antecipar algumas regras para as Instituições de Pagamento (IPs), como também lançar medidas de caráter emergencial.

“É importante a sociedade compreender que uma regulação, uma supervisão, um regulador bancário resiliente, forte e bem aparelhado é fundamental para o desenvolvimento de qualquer indústria”, disse Aquino, na abertura do evento online Syncoop 2025“, realizado pela Fenasbac para discutir as principais tendências e inovações para o cooperativismo financeiro no País.

Tecnologias e inovação

Para o diretor do BC, inovação e regulação devem “caminhar lado a lado”. Nesse sentido, disse ele, o Banco Central tem atuado “fortemente” para garantir um ambiente sólido, que estimule a competição, sem deixar de preservar a estabilidade financeira. “Acho que esse é o ponto central. Inovação e preservação da estabilidade. Isso é fundamental nos dias atuais.”

Em relação à Inteligência Artificial (IA), Aquino reconheceu o potencial de transformação, mas também argumentou que “não dá para se deixar levar pelo hype“. Na visão dele, novas tecnologias como a própria IA, análise de dados, blockchain e soluções digitais em geral devem ser implementadas “com responsabilidade”.

O diretor do BC voltou a defender a “inteligência humana” em meio ao avanço acelerado da IA. “Eu acho que a Inteligência Artificial vem para ajudar, não para substituir o ser humano, porque o ser humano é central. Ainda mais num modelo como o cooperativista.”

Em sua fala, Aquino também trouxe números para dimensionar o tamanho e a relevância do cooperativismo financeiro no Brasil. De acordo com os dados do BC, citados por ele, o setor registrou em 2024 cerca de R$ 885 bilhões em ativos totais, R$ 530 bilhões em operações de crédito, R$ 708 bilhões em captações. Hoje, 19,9 milhões de pessoas físicas e jurídicas estão vinculadas ao cooperativismo, afirmou. “Aproximadamente 58% dos municípios brasileiros contam com cooperativas de crédito.”