OPINIÃO

Bancos conversacionais: fim dos apps como conhecemos, ou a criação de novos nichos?

Seu surgimento está ligado não apenas a um novo modelo de relacionamento entre clientes e instituições, mas a tecnologias que se desenvolvem cada vez mais rapidamente

Imagem: Canva
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Se você, assim como eu, adora e acompanha as principais tendências do setor financeiro, já deve ter ouvido falar do “banco conversacional”. Se fizermos uma breve pesquisa, já conseguimos notar exemplos reais. Temos a Magie, primeira assistente financeira de Inteligência Artificial (IA) 100% no WhatsApp. Por meio dela, é possível fazer Pix por foto e áudio, consultar saldos e até agendar pagamentos de boletos. Outro exemplo é o Jota, fintech que atende desde trabalhadores informais até empresas com múltiplos sócios, que faturam até R$ 100 mil mensais. A empresa permite fazer pagamentos de Pix e boleto, por meio de áudio, imagens e texto.

E esses são apenas alguns cases do que já existe neste mercado. E seu surgimento está ligado não apenas a um novo modelo de relacionamento entre clientes e instituições, mas também à viabilidade proporcionada por tecnologias que tem se desenvolvido de forma cada vez mais veloz nos últimos anos. Nesta lista podemos citar a IA e o processamento de linguagem natural (NLP, na sigla em inglês), que permitem que o sistema compreenda as perguntas e intenções do cliente em uma conversa natural, tal como faria com uma pessoa.

O conceito de banco conversacional vai desde aplicações mais simples, como é o caso do uso de chatbot para tarefas como atendimento ao cliente; até as mais elaboradas, com  instituições onde a única (ou principal) interface com o cliente é conversacional, por exemplo via WhatsApp. Há ainda possibilidades de integração com assistentes de voz, seja por áudio no WhatsApp, ou mesmo uso de dispositivos, como Amazon Alexa ou Google Assistant. 

O céu é o limite

Quando se soma a isso o potencial do Open Finance podemos perceber que o “céu é o limite”. Fazendo aqui um breve exercício de futurologia, é possível sonhar com muitas comodidades, por exemplo para quem vive em metrópoles, como é o caso de São Paulo. No  trânsito de uma grande cidade, usar uma assistente de voz para fazer transações financeiras pode proporcionar uma otimização de tempo. 

Não falta muito para ser possível que um cliente pergunte as assistente virtual do seu banco, por exemplo, ‘qual o saldo da conta A e da conta B?’ Ou ‘quais os pagamentos que eu preciso fazer hoje? Descreva o valor por pagamento e a somatória dos valores’. Ou que dê instruções como ‘resgate R$ X da aplicação Y e transfira o valor para a conta A’; ‘faça os pagamentos que vencem hoje usando o saldo da conta A’.

Marcelo feltrin/Luby | Imagem: LinkedIn

É claro que estamos falando de novas tecnologias. Portanto, os bancos conversacionais também têm uma questão de segurança importante – como garantir que a transação é legítima? Por isso, na mesma proporção que as instituições financeiras apostam em inovações, precisam investir também em recursos avançados de cibersegurança.

Finalizo este artigo com uma provocação: será que os bancos conversacionais são uma tendência, talvez muito forte, e o “fim” dos canais que usamos hoje? Ou será que eles irão criar novas formas, sem decretar o fim dos atuais canais de relacionamento, com o surgimento de diversos nichos de mercado?

Considere que há um número enorme de pessoas que nunca emitiu um cheque na vida. Talvez haja quem acredite que eles nem existem mais. Porém, apesar do número ter caído drasticamente nos últimos tempos, em 2024 ainda tivemos quase 140 milhões de cheques compensados no País, de acordo com dados da Febraban.

Já refletiu sobre isso?!

*Responsável pela área de Serviços FInanceiros na Luby