O segmento de fintechs foi menos afetado que as startups de modo geral pela escassez de investimentos. A conclusão é da quinta edição do estudo Fintech Deep Dive, realizado pela Abfintechs e PwC Brasil.
A percepção está baseada em indicadores que melhoraram de um ano para outro: a fatia de empresas que receberam recursos cresceu de 41% para 45% em 2022, o percentual das que conseguiram captar mais de R$ 10 milhões subiu de 21% para 31%, e a parcela que já participou de pelo menos uma rodada de investimento subiu de 44% para 62% (entre as fintechs de crédito, o percentual alcança 74%).
Aumentou também a fatia das que já atingiram o equilíbrio de contas (break-even): 43%, o nível máximo registrado nas cinco edições da pesquisa (gráfico acima).
O percentual de fintechs sem nenhum faturamento caiu ao menor nível da nossa série histórica (6%). Diminuiu também as que faturam menos de R$ 350 mil. As faixas de faturamento superiores registraram crescimento ou estabilização: 22% das empresas pesquisadas dizem faturar acima de R$ 10 milhões – esse percentual chega a 33% entre as fintechs de meios de pagamento.
“A explicação para o fenômeno pode estar no fato de que as fintechs são vistas como mais resilientes a crises econômicas do que outros tipos de startups, já que podem contar com um mercado muito amplo a ser explorado e têm mais capacidade de alcançar economias de escala”, diz o estudo.
A resiliência têm relação com a flexibilidade para se adaptar ao cenário mais adverso. As fintechs entenderam que era preciso apostar em nichos de mercado mais rentáveis, aumentando o foco em pequenas ou médias empresas (PMEs) – que enfrentam desafios principalmente de custos para acessar os serviços oferecidos pelas grandes instituições financeiras.
A oferta de serviços business-to-business (B2B) foi outra estratégia para rentabilizar o negócio: entre 2021 e 2022, o percentual disparou 16 pontos de um ano para outro. ” Nessa migração para o B2B, elas tentam capturar oportunidades em resposta a uma dor mais latente da pequena e média empresa, em geral ainda tratada como varejo bancário pelas grandes instituições financeiras”, acredita Willer Marcondes, sócio Strategy&Brasil e líder de estratégia para Serviços Financeiros da PwC Brasil.
A única resposta mais tímida desta edição em relação à anterior foi a quantidade de fintechs que esperam dobrar suas receitas neste ano: 55%, ante 65%.
A pesquisa foi realizada entre fevereiro e abril de 2023 com 108 fintechs de todos os setores e portes, que responderam a um questionário online.