Evento Kyndryl e IDC | Imagem: print de tela
Evento Kyndryl e IDC | Imagem: print de tela

Imagine acordar e descobrir que suas contas já foram pagas, seus investimentos rebalanceados e um seguro de viagem contratado — tudo automaticamente, por um assistente que conhece seus hábitos melhor que você mesmo. Não, não é ficção científica. É a próxima grande onda que está batendo na porta do setor financeiro, na visão de especialistas. E esse movimento vai ganhar força por meio de agentes de Inteligência Artificial (IA) autônomos.

“Nós estamos entrando na era do ‘faça por mim’ ou ‘do it for me'”, apontou Spencer Gracias, diretor geral da Kyndryl Brasil, empresa com atuação global que oferece serviços de infraestrutura de TI, em evento na quarta-feira (9/10) em parceria com a IDC Brasil. “Cada um de nós vai ter o seu analista financeiro particular. É um agente de Inteligência Artificial que vai tomar decisões de investimentos, pagar contas, cotar e contratar seguros. Essa é a nova era.”

Enquanto a IA Generativa (GenAI) gera conteúdo (textos, imagens, códigos), os agentes de IA executam tarefas. Eles navegam entre sistemas legados e nuvens, encontram dados onde quer que estejam, aprendem com o histórico do usuário e tomam decisões. “Ele vai ao dado onde o dado estiver”, explicou Spencer. “Tem uma camada muito legal, que é a camada de orquestração. Porque, na realidade, são vários agentes que estão trabalhando, aprendem, se intercomunicam.”

De acordo com o executivo, o ciclo de adoção dos agentes de IA autônomos está evoluindo de maneira bastante célere. “A IA teve um ciclo. A IA Generativa foi mais rápida. Agora, os agentes de IA estão sendo adotados ainda mais rapidamente”, disse ele.

Segurança e legado

Apesar dos avanços desse tipo de tecnologia, o setor financeiro em específico se depara com dois grandes desafios, na avaliação dos especialistas. Um deles, na ordem do dia, é a a segurança cibernética, em um contexto de escalada de golpes e fraudes. “A gente sabe que, com o aumento da bancarização e do maior volume de utilização do Pix, aumentam consideravelmente os riscos de fraudes e ataques cibernéticos. E os malfeitores vão utilizar não só recursos técnicos, mas também recursos de engenharia social”, afirmou Luciano Ramos, country manager da IDC Brasil.

O especialista deu como exemplo um golpe que está ganhando força agora. Nele, os criminosos ligam para a pessoa, mas ficam mudos e esperam a vítima falar algo para, assim, capturar sua voz e usá-la para tentar algum tipo de brecha ou acesso às finanças.

Outro desafio, segundo Luciano, é a infraestrutura legada nas instituições financeiras. “Muitas instituições ainda estão operando com sistemas antigos, com infraestrutura que talvez não seja a mais atual. E trabalhar com esses legados acaba dificultando muitas vezes a integração com novas tecnologias”, afirmou ele.

De acordo com dados da IDC, o setor financeiro no Brasil deve investir US$ 8,6 bilhões em tecnologia neste ano – é o maior volume da América Latina, que totaliza US$ 21 bilhões. Os investimentos do setor na região crescem a cerca de 12% ao ano. Boa parte desses recursos, citou Luciano, vai para IA, segurança da informação e infraestrutura híbrida. “A IA generativa e os agentes de IA serão as tecnologias mais estratégicas até 2026”, disse o executivo.

Fonte: IDC | Imagem: print de tela de evento Kyndryl Brasil e IDC Brasil

Hiperpersonalização e Open Finance

Os especialistas abordaram, ainda, a evolução da inclusão financeira no País e tendências como a hiperpersonalização e o Open Finance. Na visão de Luciano, da IDC, o sistema de compartilhamento de informações entre as instituições não só traz benefícios para os clientes na ponta, como também impulsiona o aumento da concorrência. “Faz com que as instituições possam batalhar pelo cliente e oferecer serviços com melhores custos e condições. Isso motiva a competitividade também pela qualidade dos serviços, fazendo com que as empresas busquem se diferenciar não só por taxas.”

Para Ricardo Nastri, líder de consultoria da Kyndryl Brasil, a IA tem um papel decisivo na hiperpersonalização dos serviços. Permite antecipar o comportamento do usuário, oferecendo exatamente o que ele mais utiliza, de forma intuitiva. “Se eu não faço investimentos, não faz sentido o app me mostrar essa opção”, exemplificou.