Alan Mareines*
Muitas instituições estão no momento de se adequar às exigências regulatórias do Open Finance/Insurance. Há também algumas que já passaram por este processo ao longo dos últimos dois anos, e agora, com algumas lições aprendidas, avaliam migrar suas capacidades tecnológicas desenvolvidas internamente, ou até mesmo as soluções inicialmente contratadas, para um novo parceiro técnico/fornecedor.
Nestes casos, as dores são enormes e os motivos apontados são muito comuns. Por isso é preciso ter atenção para aspectos qualitativos que são decisivos para uma escolha inteligente e para evitar problemas futuros.
Uma das principais armadilhas é a do preço baixo. Sabemos que o primeiro fator a ser avaliado na compra de um produto ou contratação de um serviço é a relação custo/benefício. O custo, no entanto, acaba ganhando muita relevância quando as soluções parecem ser muito parecidas em seus aspectos técnicos e na sua entrega de valor.
Em se tratando de soluções de conformidade regulatória, fica ainda mais evidente o baixo grau de diferenciação em relação aos benefícios técnicos e funcionais oferecidos pelas soluções disponíveis no mercado, já que a regulação existe justamente para determinar o padrão de como algo deve ser feito, o que deve ser cuidadosamente atendido.
Assim como no PIX, no Open Finance & Insurance o nível de detalhamento e padronização das regulações vai além, entrando, inclusive, em aspectos relacionados à experiência e jornada do usuário final. É esperado que as soluções de conformidade regulatória no Open Finance & Insurance sejam, de fato, muito semelhantes em relação às funcionalidades que entregam, pois devem seguir à risca as especificações técnicas e requisitos funcionais definidos pelo Banco Central e pela SUSEP.
“Em contrapartida, os preços e modelos de cobrança praticados pelos diferentes provedores costumam variar. Neste ponto, é importante que o preço das diferentes soluções seja avaliado não somente em função dos seus aspectos técnicos e funcionais, mas muito mais em relação à capacidade de entrega e ao nível de suporte oferecido pelo provedor, não somente na etapa inicial de integração, homologação e certificação, mas principalmente após a solução ser efetivamente entregue em ambiente produtivo.
Importância da customização
Apesar das soluções de mercado servirem como grandes aceleradores para os processos de conformidade regulatória no Open Finance & Insurance, a etapa inicial de implantação das soluções é um projeto complexo de integração, homologação e certificação. Cada instituição possui uma arquitetura técnica diferente, normas de segurança e Compliance distintas e, muitas vezes, múltiplos fornecedores para diferentes canais (front-end e back-end). Do ponto de vista do provedor, isso representa adaptar a sua solução para atender as necessidades específicas de cada instituição, ou seja, sempre há algum grau de customização.
Para além da etapa inicial de integração, uma vez em operação, a disponibilidade de time técnico, com expertise para sustentar e evoluir a solução, é um aspecto fundamental do serviço, que deve ser cuidadosamente observado.
Estamos apenas nos primeiros anos de vida do Open Finance & Insurance, o que significa que novas versões de APIs, alterações de escopo e novas funcionalidades ainda serão frequentemente implementadas. O provedor deve ser capaz de atender a estas demandas regulatórias, evoluindo frequentemente a solução, de forma a cumprir prazos e evitar desenquadramentos, notificações e multas. É muito importante que o benefício deste suporte técnico e operacional seja considerado em uma avaliação de custos, e que o nível de serviço e atendimento que a instituição terá junto ao provedor esteja em linha com as expectativas dos times técnicos, das áreas de compliance e da sua diretoria.
Passados mais de dois anos desde o início do Open Banking, avançamos muito na estruturação do novo ambiente de negócios digitais do setor financeiro, e por este motivo as empresas precisam estar tecnologicamente preparadas para explorar as oportunidades de negócios que surgem com o compartilhamento de dados e serviços.
Na hora de escolher o seu provedor de Open Finance & Insurance é importante considerar se ele tem conhecimento de negócios, direcionamento estratégico e capacidade técnica para apoiar sua instituição com tecnologia que vai além do regulatório, mesmo que neste momento o orçamento aprovado seja estritamente para atender as demandas do regulador. Poder contar, desde o início, com um parceiro estratégico, vai poupar muito esforço futuro quando os olhares da diretoria se voltarem para as novas oportunidades de negócios, e quando o custo regulatório tiver que ser transformado em novas fontes de receita. Pode apostar: este momento vai chegar. É só uma questão de tempo.
*CEO da Lina OpenX