Imagem: Adobe Photoshop
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Nos últimos anos, muito se falou sobre a transformação do sistema financeiro. Mas a verdade é que, enquanto alguns debatem, a realidade se impõe. E os dados mostram que essa mudança não é mais uma tese, e sim um fato consolidado e aprovado pela população.

A pesquisa “Relação dos brasileiros com canais de serviços financeiros e Banking as a Service”, realizada pela Associação Brasileira de Banking as a Service (ABBaaS) em parceria com o Instituto Locomotiva, joga luz sobre essa realidade: 8 em cada 10 brasileiros acreditam que os serviços financeiros digitais melhoraram o ambiente de negócios. E 82% defendem o direito de buscar esses serviços fora dos bancos tradicionais.

Esses números não são apenas estatísticas. Eles representam uma mudança fundamental de mentalidade. O consumidor brasileiro quer mais autonomia, mais competição e mais controle sobre sua vida financeira.

BaaS e o futuro financeiro

Nesse cenário, o Banking as a Service (BaaS) assume um papel de protagonista. Mesmo sem conhecer o termo, o público já sente seus efeitos: ele permite que qualquer empresa, de um app de delivery a um grande varejista, ofereça serviços financeiros sem precisar se tornar um banco. O resultado é o embedded finance, a integração natural das finanças ao cotidiano do consumidor. É o crédito solicitado no marketplace, o pagamento feito sem sair do app, o seguro contratado com um clique.

E o valor que isso entrega é concreto. A pesquisa aponta que 57% dos brasileiros afirmam já ter se beneficiado ao usar serviços de fintechs, bancos digitais ou lojas. As principais vantagens percebidas são economia de tempo (78%) e atendimento mais rápido (70%), além de menos burocracia e acesso facilitado ao crédito.

Doug Storf/ABBaaS | Imagem: divulgação

Esse avanço não aconteceu no vácuo. Ele é fruto de um ecossistema que combina a inovação das fintechs com uma agenda pró-competição corajosa do Banco Central. Iniciativas como o Pix e o Open Finance não são apenas produtos, são pilares de uma nova infraestrutura que descentralizou o poder e abriu o mercado.

Impacto social e inclusão financeira

O impacto social é inegável: segundo o próprio Banco Central, cerca de 60 milhões de brasileiros tiveram seu primeiro acesso a serviços financeiros por meio de contas de pagamento abertas em fintechs. Isso é inclusão na prática, não no discurso.

Não surpreende, portanto, que 80% dos entrevistados defendam que as autoridades incentivem ainda mais a concorrência no setor. O consumidor entendeu a lógica: quanto mais empresas competindo, melhores e mais acessíveis se tornam os serviços para todos.

A consolidação do BaaS representa a quebra de barreiras históricas. A era em que o serviço financeiro era um destino em si, restrito a poucos grandes players, ficou para trás. Hoje, o BaaS funciona como a engrenagem que permite que o dinheiro flua de forma mais inteligente e eficiente, ancorado em APIs seguras, regulação e transparência.

API é a sigla em inglês para interface de programação de aplicação. Na prática, é um conjunto de regras, definições e protocolos que permite a comunicação entre diferentes sistemas, serviços ou aplicativos.

Desafios e oportunidades

Essa transformação também impõe novos desafios — e oportunidades — para empresas e reguladores. A expansão do BaaS exige investimentos constantes em segurança, interoperabilidade e educação financeira, para garantir que a inclusão venha acompanhada de confiança.

À medida que o ecossistema amadurece, surgem modelos de negócio mais sustentáveis, parcerias entre setores antes distantes e uma cultura de inovação que coloca o usuário no centro das decisões. O futuro do sistema financeiro brasileiro, portanto, não será apenas digital, mas também mais democrático, competitivo e conectado à vida real das pessoas.

Mais do que uma evolução tecnológica, o que estamos testemunhando é a emergência de um novo paradigma:  uma jornada financeira conectada, contínua e coerente com o cotidiano digital do brasileiro. E, como os dados mostram, a população não está apenas preparada para isso. Ela já fez sua escolha — e está pedindo por mais.

*Diretor-presidente da Associação Brasileira de Banking As a Service (ABBaaS)