Uma enquete rápida realizada por WhatsApp junto às 28 investidas da “smart network” de investidores BR Angels, em meados de agosto, descobriu que a maioria delas já está de olho nas oportunidades abertas pela inteligência artificial generativa. Ou seja: elas pesquisam, investem ou já aplicam o recurso na prática em seus negócios – e algumas são completamente baseadas na tecnologia que é o hype do momento desde o advento do ChatGPT, em janeiro.
A enquete foi lançada no grupo por Adriana Flores, fundadora e CEO da plataforma de marketing as a service Garota Voa – e conselheira de investidas da BR Angels. A resposta foi revelada durante a 95º. noite de “pitches” promovida pela BR Angels.
Ao lado de Adriana no painel “IA e suas implicações nas startups” estavam Marcelo Ramos, CEO e presidente da Axway Latin America, Ricardo Gazoli, co-founder da AlumniTech, Ricardo Pelegrini, CEO e co-founder da Quantum4 Innovation Solutions e Marcelo Munerato, CCO e head of enterprise clients da Aon Latin America, que fez as vezes de moderador.
Adriana cita como exemplos a investida Home Agent – que fornece posições de atendimento de call center terceirizadas em esquema home office, e usa a IA embarcada nos chats com clientes para aprender e sugerir respostas com base nos dados: “Isso encurta muito o processo de treinamento e dá mais acuracidade nas respostas”, acredita.
Na lista, está também a Get Commerce – que aplica IA para gerar uma descrição ideal dos produtos e enviar informações aos lojistas: “A ideia aqui é melhorar os resultados para os e-commerces”, diz. E a Scaleup, uma edtech que analisa vídeos de treinamentos e cursos para gerar subprodutos necessários para promover vídeos em educação, desde um resumo em pdf até mapa mental e trailers – tudo com ajuda da IA generativa. Adriana cita ainda a BeBeleza, que usa IA para “ir além dos tutoriais e filtros do TikTok”.
Exposição indevida
Durante o bate-papo, ficou claro que um dos principais desafios da adoção em massa da IA generativa nas empresas é: como evitar a exposição e compartilhamento de seus dados privados e sensíveis de forma não intencional pelos usuários? Os participantes manifestaram preocupação com a linha tênue que separa dados públicos e privados, ética e segurança.
Este é um desafio que precisa ser endereçado, uma vez que é impossível voltar atrás – a IA precisa estar na agenda dos conselhos e dos CEOs de todas as empresas. “Principalmente no Brasil, onde somos conhecidos como early adopters de novas tecnologias”, lembra Adriana.
E o ambiente das startups é mais apropriado para adoção e experimentação das soluções – um verdadeiro laboratório para as grandes companhias usufruirem. Segundo os palestrantes, hoje em dia as Big Techs como Google, Amazon e Apple são os grandes facilitadores, enquanto as startups são os distribuidores dessas novas tecnologias.
Hype
O que está acontecendo na BR Angels é um reflexo do que acontece com startups brasileiras de forma geral, que por sua vez é reflexo do que acontece no berço de todas elas: o Vale do Silício.
E não é à toa que os empreendedores estão tão ligados na tendência. Segundo levantamento da plataforma PitchBook, os investidores estão “apaixonados” pela IA generativa. Em 2022, US$ 4,5 bilhões foram injetados em startups de IA generativas. O investimento explodiu neste ano, com mais de US$ 12 bilhões em negócios anunciados ou concluídos apenas no primeiro trimestre.
Os 10 investidores de capital de risco mais ativos em IA generativa desde 2017, de acordo com dados do PitchBook, são Sequoia Andreessen Horowitz, Soma Capital, Khosla Ventures, Tiger Global, Greylock Partners, Amplify Partners, Pyoneer Fund, Index Ventures e Coatue.