Já foi o tempo em que a Black Friday mobilizava atenções e inspirava novas estratégias só no comércio. Fintechs como Linker, PaGol, Digio, Mercado Pago e 99Pay também aproveitam a oportunidade para tentar fisgar mais clientes. A oferta de cashback “turbinado” é uma das principais armas, mas tem até promoção de taxas de juros para pequenas empresas, na compra de milhas aéreas, e bônus nos programas de indicação de amigos.
Neste ano, a data cai em 24 de novembro. Segundo pesquisa encomendada ao DataFolha pela Abecs, associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento, 49% dos brasileiros pretendem comprar na Black Friday. O valor total movimentado deve ser de R$ 15,5 bilhões.
“O crédito em datas sazonais sempre será uma grande oportunidade de negócio, seja no investimento na variedade de produtos, aumentando as opções para os consumidores e consequentemente melhorando o fluxo de caixa”, diz David Mourão, CEO e cofundador do banco digital para PMEs Linker. A fintech também aposta em cashback turbinado, assim como a 99Pay.
Daniel Davanço, country head de Pagamentos para Empresas do Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, disse em outubro que está investindo cinco vezes mais do que em 2022 nas promoções para seus clientes nesta Black Friday. As ofertas incluem juros mais baixos para vendedores e compradores que utilizem a conta digital para comprar antes, durante e também após a data.
Cartões x Pix
Pix e cartões de crédito rivalizam a preferência quando o assunto é pagamento na Black Friday. Enquanto vendedores preferem o primeiro, os consumidores preferem a possibilidade de parcelamento do segundo.
Pesquisa realizada pelo Pagar. me, meio de pagamento digital e omnichannel da StoneCo., em parceria com o E-commerce Brasil, portal especializado na cobertura do comércio eletrônico no Brasil, Equals, plataforma de gestão financeira e Nuvemshop, revela que o Pix vai ser oferecido por 88,3% dos e-commerces. Cartão de crédito parcelado (75%), cartão de crédito à vista (69,9%), boleto bancário (56,1%), cartão de débito (45,9%) e carteira digital (8,7%) vêm em seguida.
“É inegável a relevância que o Pix ganha ano após ano na Black Friday. Além do lojista ter o valor da compra em sua conta quase que instantaneamente, os empreendedores brasileiros têm lançado mão dessa ferramenta como uma oportunidade de criar promoções, mesmo em segmentos que contam com margens de lucro apertadas”, comenta Thiago Guerra, Diretor Comercial de MSMB do Pagar. me. “Mas o parcelamento ainda é um forte aliado dos empreendedores na ocasião, sendo ofertado por 85,7% dos entrevistados. Principalmente para compras de valor mais alto, como os eletrodomésticos e eletroeletrônicos, que têm tanto apelo na Black Friday”, admite Guerra.
Já do lado dos consumidores, o cenário é oposto. O Pix está ganhando terreno e já é escolha de 33% deles. Mas o cartão ainda é o preferido por 44,5% dos consultados na pesquisa da Abecs.
Riscos e fraudes
As expectativas de faturar mais com a data animam os intermediadores de pagamento – mas os riscos de fraude também assustam. Afinal, os meios de pagamento digital preferidos, como Pix e cartões, são os alvos preferidos dos criminosos.
De acordo com dados recentes do Relatório Varejo 2023, as fraudes online durante a Black Friday aumentaram em 25% nos últimos dois anos. Mais de 40% dessas fraudes envolvem sites de comércio eletrônico fraudulentos ou vendedores não confiáveis. No Brasil, a Black Friday de 2022 registrou mais de 1.000 denúncias de golpes on-line.
Para Wanderson Castilho, perito em crimes digitais, o comércio online se tornou um elemento importante na realização de compras, oferecendo praticidade e conveniência, mas é preciso ficar atento ao grande volume de transações – “Isso piora com o pix, o método cada vez mais usado como pagamento online”.
De acordo com a Provenir, o aumento na incidência de golpes afeta não só os compradores mas também as instituições financeiras. A Provenir é uma empresa especializada em software para tomada de decisão de risco baseado em Inteligência Artificial.
Identidade sintética
Entre as práticas emergentes dos criminosos está o uso de identidades sintéticas – quando uma nova identidade é criada a partir da combinação de informações falsas e verdadeiras, o que dificulta a detecção do golpe – para abertura de contas, aquisição de cartões de crédito e de lojas e para empréstimo pessoal. Roubo de identidades legítimas e transferências bancárias indevidas também figuram entre as principais modalidades de fraude.
Jose Luis Vargas, vice-presidente executivo para a América Latina da Provenir, acredita que um dos grandes desafios das instituições financeiras é consolidar as fontes de dados disponíveis e ter uma visão holística do cliente: “Um único fluxo de dados que possa ser empregado de forma ágil e flexível no processo de tomada de decisão é fundamental”, afirma.