A Avante, fintech especializada em microcrédito, está na fase final da sua última rodada de captação antes de abrir o capital na Bovespa Mais. A expectativa é levantar R$ 75 milhões através de um Club Deal (consórcio formado entre mais de um fundo de private equity). A informação foi dada com exclusividade ao portal Fintechs Brasil pelo sócio e fundador da Avante, Bernardo Bonjean. “Vou dobrar minha participação”, afirmou. O coodenador da oferta é o BTG Pactual. Segundo Bonjean, o mínimo para investir é R$ 50 mil.
Esta é a quinta rodada da fintech desde 2015. Segundo o prospecto, ao qual o Fintechs Brasil teve acesso, os recursos serão usados nos próximos dois anos para a Avante criar sua própria estrutura de funding, aumentar sua carteira para R$ 90 milhões e gerar lucro. Serão R$ 10 milhões para desalavancagem, R$ 12 milhões para o caixa, R$ 40 milhões para funding e R$ 13 milhões para a expansão – hoje, a Avante atua em quatro estados do Nordeste e quer chegar aos outros cinco até o final de 2022.
A fintech já atendeu mais de 60 mil microempreendedores – dos quais 15 mil com restrições de crédito – e emprestou mais de R$ 350 milhões. O valor médio é de R$ 2,6 mil, por oito meses – e cada cliente permanece na Avante por cerca de três anos.
A empresa tem como meta aprovar rapidamente os pedidos – em até 24 horas – de forma totalmente digital – mas baseada na experiência dos agentes, que são contratados localmente e conhecem bem os clientes.
Segundo Bonjean, a Avante acumula 50 safras de crédito, com perda média de 9%: “A inadimplência subiu na pandemia, atingindo seu pico em maio, mas em setembro estava em 0,9%, bem melhor do que nossa meta de 5%”, revela.
Empresa B
A Avante é uma das poucas fintechs brasileiras certificadas pelo Sistema B, organização global que analisa o impacto social gerado pelos negócios. Segundo pesquisa de doutorado realizada com dados reais da Avante pelo Núcleo de Medição para Investimentos de Impacto do Insper, após acesso ao microcrédito na Avante os clientes crescem em média 35% ao ano.
Desde o começo, a Avante teve apoio da KVIV, fundo de Venture Capital da família Klein; da Oiko Credit, gigante das microfinanças na Europa; do fundo Vox Capital (também uma B-Corp) e da mexicana Gentera, especializada em microcrédito.
“Precisamos mudar a mentalidade de fazer negócios no Brasil. A Avante acredita no capitalismo consciente. Até 2021, queremos transformar a vida de um milhão de empreendedores”, afirma Bonjean, que já foi do BTG Pactual e sócio da XP Investimentos.