Patrícia Soares*
A transformação digital tem impactado cada vez mais o setor financeiro. De acordo com um levantamento da Febraban, as transações bancárias feitas por pessoas físicas pelos canais digitais – internet e mobile banking – foram responsáveis por 74% das operações em abril, um mês após o início da quarentena e das medidas de isolamento social. Aprovado pelo Banco Central, depois de diado por dois meses, o Open Banking estreiou no último dia 1/2.
Por meio do Open Banking será possível acessar diversas contas bancárias usando um único sistema, sem a necessidade de ter vários aplicativos ou tokens. Dessa forma, o consumidor deixará de ficar preso com seus dados no restrito universo dos grandes bancos de rede, acabando com a era da exclusividade. Este novo conceito resultará em vantagens tanto para cliente como para as instituições financeiras, além é claro de ser vantagem também para os bancos.
O cliente terá mais oportunidades de relacionamentos, mais ofertas de benefícios, além disso, os processos serão mais rápidos. Já as instituições financeiras poderão ter acesso aos dados dos clientes de bancos concorrentes. A tendência será reduzir custos para atrair novos consumidores. Os bancos poderão também aumentar suas receitas através de parcerias com as fintechs ,instituições financeiras e até mesmo outros bancos, colocando a todos em pé de igualdade.
Nesse caso, as fintechs, especialmente, terão como desafio fazer parte deste movimento, mantendo a proposta inovadora dos seus produtos e serviços. Já que o acesso de todos os potenciais provedores de serviços financeiros à mesma informação, pode aumentar naturalmente a concorrência, colocando fintechs e os bancos tradicionais no mesmo nível. Além de estimular a concorrência, o Open Banking tem a missão ampla no sentido de tornar o sistema financeiro mais eficiente, dando o poder de autonomia sobre os dados de usuários (sempre com o consentimento do próprio cliente). Uma revolução, o “CPF” passa a ter autonomia sobre seus dados e não somente o CNPJ.
Quem chega na frente, bebe água limpa
O mercado financeiro tem até final de 2021 para concluir todas as quatro fases definidas pelo Banco Central. Quem chega na frente, bebe água limpa, não é mesmo? Temos hoje um sistema regulatório eficiente no mercado financeiro. Com a combinação Open Banking + PIX sem dúvidas é um marco em nosso ecossistema que dará aos brasileiros serviços de qualidade e preço justo. É uma oportunidade de inclusão social às classes ainda desbancarizadas, dessa forma ficamos à frente de grandes potências como por exemplo os EUA.
O fato é que as fintechs têm muito a contribuir para a construção do open banking, uma conexão que pode fazer toda diferença nesta corrida. Quem tiver a liderança e estiver bem preparado, pode conquistar importantes parcerias e posições no mercado. O grande ponto é que com este movimento todos saem ganhando, a transformação digital ganha força e a experiência do cliente só melhora. Uma transformação tecnológica sem volta.
*Patrícia Soares é CEO da fintech Prestho, especializada em crédito consignado para Servidores Federais, Aposentados e Pensionistas do INSS