WhatsApp agora persegue 'plano B' para disputar mercado de pagamentos digitais no Brasil

Depois de ver seu acordo de pagamentos com Cielo, Banco do Brasil, Nubank e Sicredi suspenso em poucos dias em junho último, o WhatsApp aproveitou uma nova regulamentação do Banco Central e partiu para outra ofensiva no mesmo campo de batalha: ser um “iniciador de pagamentos”.

“O WhatsApp está conversando regularmente com o Banco Central para ter a aprovação como iniciador de pagamentos para realizar transferências entre pessoas”, disse a empresa por email, quando questionada pelo portal sobre uma notícia veiculada na coluna Broadcast do Estadão nessa semana.

A figura do iniciador de pagamentos foi regulamentada em outubro. O serviço consiste na iniciação de uma transação de pagamento ordenada pelo usuário final; o WhatsaApp manda msg para a instituição financeira/conta do usuário, que envia o pagamento para o banco do destinatário, que o comunica pelo aplicativo. O primeiro a funcionar como iniciador de pagamentos no país foi o GuiaBolso.

“Também temos trabalhado para restaurar os pagamentos no WhatsApp para todos no Brasil o mais rápido possível”, acrescenta, referindo-se ao WhatsApp Pay, suspenso em junho pelo BC e pelo Cade. Na época, o BC disse que a motivação para a decisão era “preservar um adequado ambiente competitivo, que assegure o funcionamento de um sistema de pagamentos interoperável, rápido, seguro, transparente, aberto e barato”. É impossível não considerar, também, que a solução do WhatsApp poderia ofuscar o PIX, estrela do BC que seria lançada em novembro. O fato é que, desde então, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, vem afirmando publicamente que mantém conversas com o CEO do WhatsApp para encontrarem uma maneira de viabilizar a volta da funcionalidade de pagamento do app dentro das regras do sistema financeiro nacional.

O WhatsApp Pay – na verdade, o serviço se chama Facebook Pay – permitia a transferência de dinheiro entre pessoas sem passar pelas contas correntes dos usuários.

Superapps

O WhatsApp já é o aplicativo mais popular para troca de mensagens no país, e já ganha espaço como ferramenta de marketing – no momento em que puder também finalizar os pagamentos, consolidará o status de um superapp, nos moldes do chinês WeChat. A ideia é que o usuário não precise sair do aplicativo para nada (ou quase nada).

A corrida para ser o primeiro e maior superapp brasileiro já começou e além do Whatsapp, bancos e carteiras digitais como o PicPay estão firmes no páreo. Além das funcionalidades de pagamento, mais recentemente as instituições financeiras e os varejistas começaram a investir também em conectividade. Afinal, sem inclusão digital não há superaplicativo que sobreviva.