A fintech Uffa vai lançar dentro de 45 dias mais uma solução na sua plataforma digital: recuperação de crédito para pequenas e médias empresas. Segundo disse a sócia e fundadora Ana Paula Pisaneschi em entrevista exclusiva ao portal, será a primeira plataforma a oferecer o serviço para esse público na América Latina. A empreendedora disse, ainda, que está neste momento negociando a primeira rodada de captação junto a fundos de venture capital: o objetivo é captar no mínimo R$ 5 milhões. A Uffa começou a operar há menos de um ano, e até agora usou apenas com recursos próprios.
O novo serviço vai permitir que as PME alimentem elas mesmas o site com os dados dos devedores inadimplentes. A Uffa usa tecnologia para fazer todas as verificações necessárias (da credora e dos devedores) em minutos, e depois intermediar a cobrança. As PMEs poderão também oferecer uma carteira inteira de inadimplentes para vender, pedir empréstimos de capital de giro ou antecipação de recebíveis (a Uffa tem acordo com 11 instituições financeiras) e abrir conta no Banco Pan, com a qual mantém convênio.
“Oferecer serviço de recuperação de créditos para PMEs é difícil, pequenos volumes de distressd assets nunca interessaram aos investidores”, diz Ana Paula. A tecnologia e a experiência no ramo inspiraram ela e seu sócio, Alexandre Rosa, a entrar nesse negócio. Eles são donos da Tróchia, que atualmente faz a gestão de R$ 1,8 bilhão (valor de face) em títulos em atraso na carteira de um FIDC. “A Uffa é um spin off da Tróchia”, explica Ana Paula. A fintech foi acelerada pela We Ventures, da Microsoft – o primeiro fundo da America Latina 100% dedicado a investimento em mulheres em tecnologia. “Mas sem dinheiro envolvido”, diz.
Atualmente, a Uffa tem mais de 11 milhões de CPF e CNPJ cadastrados na sua base e espera terminar o primeiro semestre com 20 milhões. Alguns desses CNPJs são de pequenas empresas, que entraram na base como devedoras de grandes empresas clientes da Uffa. Agora, essas PMEs poderão conhecer o outro lado da plataforma: usá-la para cobrar os seus próprios devedores. “Segundo o Serasa, há no Brasil hoje cerca de 66 milhões de inadimplentes, dos quais 37% devem para PMEs. Se considerarmos que nem todas as PMEs negativam seus devedores, o número é ainda maior”.
Ana Paula aponta outra vantagem dessa solução: “Usando a intermediação da Uffa, a empresa credora não se expõe, assim preserva o bom relacionamento com o cliente. E não somos um escritório de cobrança online: nossa abordagem é outra”, garante Ana Paula. A empreendedora que defende um estilo de negociação mais amigável também pratica na fintech princípios como inclusão e diversidade: além dela, metade da equipe da Uffa é mulher, e 20% são 50+.
A fintech oferece ainda a possibilidade negociar dívidas com meios de pagamentos alternativos, como cartões de crédito ou débito, boleto e QR Code, receber cashback ao pagar contas em dia e vouchers especiais de desconto.