Will Bank | Imagem: divulgação
Will Bank | Imagem: divulgação

Comprado em fevereiro de 2024 pelo Banco Master, o Will Bank segue com destino incerto. Isso porque a adquisição do banco digital pelo Master ocorreu por meio do seu banco múltiplo de mesmo nome. Essa instituição não teve a liquidação extrajudicial decretada nesta terça-feira (18/11) pelo Banco Central (BC), ao contrário de outras empresas do grupo, como Banco Master de Investimento, Banco Letsbank e Master S/A Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários. Na prática, o banco múltiplo do Master entra a partir de agora em Regime de Administração Especial Temporária (RAET). 

“No tocante ao Banco Master Múltiplo S/A, a opção pelo RAET mostrou-se a mais adequada tendo em vista a possibilidade concreta de solução que preserva o funcionamento da sua controlada Will Financeira”, informou o BC, em nota à imprensa. 

De acordo com as informações do BC, o regime não interrompe nem suspende as atividades normais da instituição. Os dirigentes, por sua vez, perdem o mandato. No caso do Banco Master Múltiplo, o regulador nomeou a EFB Regimes Especiais de Empresas. Ela será responsável por executar a administração especial temporária da instituição, “com plenos poderes de gestão”. O RAET terá duração de até 120 dias.

Em outras palavras, o regime garante um tempo para a venda do Will Bank avançar. Como noticiou o Pipeline, site de negócios do Valor, o fundo árabe Mubadala Capital seria o principal interessado no negócio e estaria avançado no processo. Já de acordo com o jornal O Globo, a transação teria sido suspensa, após o anúncio da liquidação pelo BC. 

Ainda segundo o Pipeline, o Will Bank tem cerca de R$ 7 bilhões em passivos, o que inclui Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e depósitos à vista. A instituição também possui R$ 8 bilhões em recebíveis futuros de cartão de crédito de clientes. A Mastercard é a bandeira do cartão.

Impacto

A liquidação das instituições do Master ocorre menos de um dia após um consórcio liderado pela holding Fictor fazer uma proposta de compra do master, dois meses depois de o Banco Central (BC) ter rejeitado a venda do banco para o Banco de Brasília (BRB).

Conforme o BC, o Master é um conglomerado prudencial bancário, classificado como de crédito diversificado, porte pequeno e enquadrado no segmento S3 da regulação prudencial, tendo como instituição líder o Banco Master S/A. Em nota, o regulador disse que o conglomerado detém 0,57% do ativo total e 0,55% das captações totais do SFN.

“A decretação do regime especial nas instituições foi motivada pela grave crise de liquidez do Conglomerado Master e pelo comprometimento significativo da sua situação econômico-financeira”, afirmou o BC, na nota. O regulador atribuiu a decisão também a “graves violações às normas que regem a atividade das instituições integrantes do SFN”.

No texto, o BC ressaltou que, a partir de hoje, ficam indisponíveis os bens dos controladores e dos ex-administradores das instituições objeto dos regimes especiais decretados, seguindo os termos da lei. “O Banco Central continuará tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades nos termos de suas competências legais. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas sancionadoras de caráter administrativo e a comunicação às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis.”

Trajetória do Will Bank

Evolução da Pag!, o Will Bank começou oferecendo cartão de crédito e, com o tempo, ampliou o portfólio de soluções. O banco digital atende cerca de 10 milhões de clientes, com forte penetração na região Nordeste. 

Em julho de 2021, levantou um aporte de R$ 250 milhões liderado pelo fundo Private Equity da XP e pela gestora Atmos Capital. Desde então, o banco digital não recebeu novas injeções de capital até a aquisição pelo Master.

Operação da PF

Paralelamente aos regimes de resolução anunciados pelo BC, a Polícia Federal (PF) deflagrou, também nesta terça-feira (18/11), a Operação Compliance Zero. Entre os alvos está Daniel Vorcaro, dono do Master. Conforme a imprensa, o banqueiro teria sido preso na noite de segunda-feira no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. 

De acordo com a nota da PF, o objetivo da operação é combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional (SFN). A ação cumpre cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão. Além disso, há medidas cautelares diversas da prisão, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.

“As investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Tais títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada”, disse a PF. Segundo o órgão, estão sendo investigados os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.