O Nubank atingiu recentemente a marca de 100 milhões de clientes nos três países onde atua. Mas o “roxinho” quer muito mais. “Parece que 100 milhões de clientes é muito, mas é pouco”, disse David Vélez, CEO global do Nubank, durante evento para comemorar a marca – e seus 11 anos de vida.
David disse que os bancos de varejo no Brasil tiveram US$ 145,7 bilhões de receitas no ano passado, dos quais o Nubank tem apenas 4%. “De modo geral, as fintechs têm apenas 1% do mercado financeiro no mundo”, afirmou. “Ou seja, estamos no primeiro minuto do primeiro tempo da nossa jornada ainda”. De acordo com Livia Chanes, CEO da operação no Brasil, a quantidade de clientes segue aumentando aqui, em um ritmo de 1,5 milhão por mês.
Próximas ambições
Para sustentar o crescimento, o Nubank promete seguir investindo 100% do lucro na operação (os resultados do primeiro trimestre de 2024 estão no final da reportagem). “Serão quatro alavancas: expandir o alcance da experiência Nu: ampliar ofertas para média e alta renda; ampliar ofertas para PMEs; e empoderar a futura geração de clientes”, revelou. “Lançamos 45 produtos em 2023. Com isso, a receita por cliente aumentou de US$ 5,6 para US$ 11,4 por mês, entre 2021 e 2023.”
“Queremos crescer para poder cobrar cada vez menos dos clientes: menos juros, menos tarifas”, disse Cristina Junqueira, co-fundadora e Chief Growth Officer do Nubank. Para isso, ela diz que é preciso entender como a base de clientes está crescendo, e observar o que eles estão consumindo da concorrência. “Tudo o que o cliente quer, precisamos dar”.
Livia diz que ainda tem muito espaço para crescer no que chama de “principalidade” do cliente no Brasil – e esta é outra via importante de aumentar receitas.
Parte do lucro vai para expansão internacional. David disse que assim que conseguirem atingir as metas estipuladas para México e Colômbia, a ambição é expandir para outros países. Para o Nubank, fronteiras geográficas para um banco digital não existe.
Resultados do Nubank
Guilherme Lago, diretor financeiro, lembra que um outro importante componente a contribuir para o aumento das receitas do Nubank é o baixo custo de servir por cliente ativo.
Conforme o executivo, a meta de ficar abaixo de US$ 1 por cliente vem sendo cumprida ano a ano. Como exemplo, ele cita o número de funcionários, que no Nubank são 5 mil para atender 100 milhões de clientes, enquanto nos bancos de varejo são 100 mil para a mesma quantidade de clientes.
“A fórmula de resultados do Nubank é baseada em multiplicar a quantidade de clientes ativos pela receita por cliente, menos o custo de servir”.
Plataforma financeira
O Nubank, que já está mais para bancão do que para fintech, prefere se classificar como uma grande plataforma financeira. O banco viu seu lucro no primeiro trimestre de 2024 crescer para US$ 379 milhões. Isso, em boa parte, foi devido ao aumento das receitas com empréstimo pessoal. A inadimplência aumentou também, mas não proporcionalmente.
“Se você tem uma boa marca, e um bom produto, você tira depósitos dos outros bancos”, disse Guilherme, em teleconferência realizada na segunda-feira à noite, dia 14/5. Questionado por analistas, o executivo disse, entretanto, que “se a situação exigir, vamos desacelerar a produção (crédito)”.
E mais. O banco roxinho está convicto de que não existem mais tantas barreiras de entrada no setor financeiro. Então, está cada vez mais difícil para os incumbentes manterem a fidelidade dos clientes.
Outra explicação para que o aumento da inadimplência do Nubank não tenha prejudicado as receitas é que houve redução das provisões para devedores. Segundo Guilherme, isso foi resultado do programa Desenrola, do governo federal, e também de estratégias de cobrança que foram adotadas pelo banco digital. “Recuperamos R$ 17 milhões neste trimestre.”