O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) está num processo de revisão de metodologia que visa redimensionar a instituição e ajustá-la ao desenvolvimento mais recente do sistema financeiro. A informação foi dada na quinta-feira (29/5) pelo presidente Daniel Lima, falando por vídeo conferência no 4º Congresso da Associação Brasileira das Instituições de Pagamentos (Abipag).
O presidente do fundo relatou que, a cada quatro anos, ocorre uma reavaliação das metodologias. O objetivo é dimensionar sua capacidade de garantia de depósitos, ouvindo as instituições associadas, a academia e o BC. Em 2022, adotou melhoras na metodologia, mas manteve seus parâmetros de liquidez – entre 2,3% e 2,7% dos depósitos elegíveis. Hoje, somam R$ 5 trilhões, ante R$ 2,2 trilhões em 2019.
“Isso dá um pouco a dimensão da mudança que nosso sistema tem vivido”, salientou. Segundo ele, em 2019, havia cerca de R$ 400 bilhões fora dos maiores conglomerados bancários, que constituem o chamado segmento S1. Esse montante chega hoje a R$ 1,3 trilhão.
“Bala de prata”
“O que agora vamos fazer, de uma forma muito técnica e muito debatida, é re-analisar o tamanho do fundo, vis-à-vis essa dinâmica de crescimento. E, eventualmente, ajustar as contribuições para preservar o grande objetivo aqui, que é ter um fundo robusto, ter um fundo que aguente cenários bastante adversos”, afirmou.
Daniel informou que estava em meio a reuniões do IADE – o instituto que congrega órgãos garantidores de todo o mundo – e onde se discute o reflexo das novas tecnologias, novas dinâmicas pode afetar a higidez dos sistemas financeiros.
“Nenhuma regulação é uma ‘bala de prata’. O que obriga órgãos reguladores e garantidores a entender, estudar com bastante profundidade o que que está acontecendo. E reagir, ajustar as regras, construir um bom aparato de gestão para administrar diferentes crises”, disse. “Temos discutido muito aqui no IADE o que a tecnologia significa para uma corrida bancária, será que a gente vai ter corridas bancárias instantâneas? Como que a gente se prepara para isso? “, ilustrou.
A revisão de regras do FGC faz parte das pautas prioritárias do Banco Central (BC) para o biênio 2025-2026. Embora o regulador venha reforçando que a modernização da norma não tem relação com acontecimentos conjunturais, o tema ganhou holofotes recentemente, com o caso Banco Master. Isso porque a instituição controlada por Daniel Vorcaro emitiu um grande volume em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), que são garantidos pelo FGC.
*O jornalista viajou a Brasília a convite da Abipag