Imagem: gerada por IA/Adobe
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O cartão de crédito consignado – destinado principalmente a servidores públicos e beneficiários do INSS – vem pouco a pouco ganhando espaço no mercado brasileiro. A modalidade tem se mostrado mais rentável do que o tradicional empréstimo consignado e se transformado em um instrumento de fidelização de clientes para bancos, financeiras e fintechs.

Amilcar Collares Chaves, diretor da unidade de Crédito da Matera, explica por que o produto atrai tanto interesse. “Os clientes da Matera que podem oferecer a modalidade têm dado preferência ao cartão consignado em vez do consignado tradicional”, afirma. Segundo ele, a principal diferença está no uso da margem consignável. Pela regra atual, o crédito consignado pode comprometer até 30% do salário, enquanto 5% adicionais são reservados para o cartão. Esse percentual, conhecido como RMC (Reserva de Margem Consignável), tem duas partes: 30% para compras e 70% para saques.

Na prática, funciona como uma mescla de cartão e empréstimo pessoal. Um trabalhador com salário de R$ 1 mil, por exemplo, pode comprometer até R$ 50 no cartão consignado. Desses, R$ 15 poderiam ir para compras e R$ 35 em saques, descontados diretamente da folha de pagamento.

Exclusividade

Outro atrativo é a exclusividade. Diferente do crédito consignado tradicional, em que diversos bancos disputam a averbação dos 30% da margem, no cartão só é possível ter um por instituição financeira. Isso elimina a concorrência acirrada e cria uma fidelização de longo prazo. Além disso, não há portabilidade como no consignado comum: para trocar de instituição, o cliente precisa quitar integralmente a dívida. “Com o cartão, a instituição só briga uma vez pelo cliente”, resume Amílcar.

O produto, por enquanto, é concentrado no setor público, especialmente entre servidores municipais, usuários do Siape (Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos) e aposentados do INSS. O setor privado ainda não oferece essa modalidade, já que os riscos associados ao emprego formal – como demissão ou instabilidade salarial – tornam a operação menos atrativa para as instituições. No entanto, Amílcar acredita que o cenário pode mudar. “O consignado privado ainda não trabalha com cartão, mas é possível que, com o amadurecimento do mercado e do trabalhador, esse produto chegue também a esse público nos próximos anos”, projeta.

A Matera é a provedora de infraestrutura tecnológica para que bancos, financeiras e fintechs operem o produto com segurança e flexibilidade. A plataforma da companhia se integra às averbadoras para controlar a margem consignável e permite parametrizações automáticas. Se o governo decidir, por exemplo, mudar a proporção entre compras e saques de 30%-70% para 40%-60%, o sistema faz esse ajuste de forma imediata. Cada instituição ainda pode definir seus próprios critérios de risco e multiplicar o limite de crédito de acordo com perfil, idade ou outros fatores.

Para Amilcar, o desafio agora é reforçar a imagem da Matera como parceira tecnológica no mercado de crédito. “Além de falar de um produto que cresce muito, queremos mostrar que temos o que os clientes precisam para colocá-lo em operação”, conclui.