O setor financeiro nunca esteve tão movimentado quanto agora. Desde o Pix, lançado em setembro do ano passado, passando por embedded finance até o Open Banking, a indústria financeira tem inovado cada vez mais na forma de distribuir produtos financeiros aos seus clientes, superando a forma verticalizada com que operou durante muito tempo.
Há grande expectativa com as mudanças que virão com o Open Banking, cuja evolução será o Open Finance. A segunda fase de implementação está prevista para 15 de julho, quando os consumidores poderão solicitar o compartilhamento, entre as instituições participantes, dos seus dados cadastrais, de informações sobre transações em suas contas, cartão de crédito e produtos de crédito contratados.
A fase 3 do sistema será em 30 de agosto, com o início de serviços de pagamentos e de encaminhamento de propostas de crédito. E a quarta fase, prevista para 15 de dezembro, com a ampliação de produtos e serviços financeiros integrados na infraestrutura do open banking, operações de câmbio, investimentos, seguros, previdência complementar aberta, entre outros.
Para Marcelo França, CEO da Celcoin, o Open Banking não é tão trivial quanto o Pix. Historicamente, os grandes bancos sempre fizeram de tudo para manter o usuário consumindo os serviços dentro do seu ambiente. A partir de agora, serão obrigados a realmente abrir suas plataformas e explorar outros canais.
“O consumo dos serviços, desde um pagamento pelo WhatsApp, vai estar cada vez mais sendo feito fora desse ambiente. Acho que quem fizer mais rápido, se posicionar como uma plataforma aberta, pode levar vantagem nesse mundo novo”, diz ele, que participou da Finsiders Live, na semana passada.
Para Bruno Diniz, diretor para a América do Sul da FDATA e sócio da Spiralem, o grande desafio do Open Banking vai ser a adesão, ou seja, fazer o usuário perceber o valor do compartilhamento de dados e informações financeiras. “E o desafio maior é que o Brasil tem muitos contrastes”, afirma.
Ao mesmo tempo em que as fintechs avançam em territórios pouco explorados pelos incumbentes, as instituições tradicionais vêm buscando reagir a esse novo momento de mercado. Enquanto alguns bancos tomaram uma postura de serem mais protetivos com seus clientes, outros se abriram de forma mais expressiva, tornando-se cooperadores do ecossistema.
É o que França chama de ‘a grande revolução’. “Os bancos maiores vão ter que se abrir para participar de alguma forma deste movimento. Ninguém pode ficar parado. E o principal beneficiado é o consumidor, com custos e condições de crédito, investimentos e outros produtos melhores.”
Vale lembrar que as pequenas e médias empresas brasileiras também estão na mira deste mercado. De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria EY, um quarto delas já possuem algum tipo de relacionamento com fintechs, movimento que foi impulsionado sobretudo por conta da pandemia. O levantamento revelou ainda que a proporção de PMEs recorrendo em crédito ao mundo digital é maior do que a mesma proporção de pessoas físicas.
Embedded finance
O advento do ‘embedded finance’, por exemplo, impulsionado pela chegada de players de segmentos como varejo e telecom, vem gerando novos competidores no setor financeiro. “O grande desafio para quem está se posicionando como um canal para o cliente é ser esse centro da vida financeira dele. É fazer parte do dia a dia dele, não só na vida financeira. E até com a possibilidade de consumir APIs de todos os tipos, se conectar. Fazer parte para ser rentável”, afirma França.
Por outro lado, ainda que algumas instituições tenham criado seus próprios marketplaces, muitas dessas ofertas não financeiras que estão sendo agregadas acabam vindo de parceiros. “Isso faz com que os bancos, para se manterem relevantes, tenham que transcender aquela imagem fechada”, completa Diniz.
A chegada de novos entrantes está intimamente ligada à evolução das plataformas de banking as a service (BaaS). Trata-se de um segmento aquecido no Brasil e mundo afora. Por aqui, varejistas e marketplaces, por exemplo, vêm fazendo aquisições de infraestruturas como parte de sua estratégia, ou montam dentro de casa suas operações para viabilizar a construção de novos produtos e serviços financeiros.
O banQI, banco digital da Via, por exemplo, deu entrada no Banco Central (BC) a um pedido para se tornar uma Sociedade de Crédito Direto (SCD). A Ame Digital, fintech da Americanas e da B2W, anunciou recentemente a aquisição da Nexoos, plataforma de P2P lending. Sem contar o Magalu, que concluiu a aquisição da Hub Fintech em abril. Esses movimentos de mercado demonstram, sobretudo, que a barreira de entrada tem caído consideravelmente ao longo do tempo.
“Hoje a gente ainda tem a visão de questionar. Eu acho que daqui há alguns anos a pergunta vai ser: ‘porque não entrou antes?’. Tem coisas ali que são muito fáceis de você agir, poder adicionar uma linha financeira à sua companhia e passar a ter uma receita a mais”, destaca Diniz.
“Nesse mundo aberto, você tem o Pix de um lado colocando uma pressão forte nas margens do mundo de pagamentos, de adquirência. Do outro lado, você tem o Open Banking que elimina a assimetria de informação. A gente vai ver muitos M&As no caminho de empresas para poder ganhar escala nesse mundo novo. Eu vejo um pouco essa evolução”, complementa França.
Toda empresa será uma fintech?
A hiperespecialização dos serviços financeiros é uma outra tendência que chega para movimentar o mercado. De acordo com o empreendedor, todas as ferramentas estão na mesa para essas iniciativas nichadas conseguirem colocar os seus produtos no mercado. Entretanto, segundo ele, o grande desafio é achar o ponto em que a iniciativa consegue ser relevante.
“Não adianta criar qualquer coisa. Mas eu acho que está muito fácil começar a oferecer esses serviços e para quem tem o controle e o conhecimento do canal específico, acho que faz sentido sim, como forma de retenção, monetização. Pensando dessa forma, acho que toda empresa que tem um determinado volume, tem um potencial para habilitar serviços financeiros.”
A Celcoin, inclusive, vem avançando em sua estratégia de ser uma grande plataforma de Open Finance. É a única plataforma a ter essa oferta de APIs de serviços financeiros e também nas duas pontas do Open Banking, ou seja, do lado de quem está consumindo informações (receptor) – mediante consentimento, claro –, e do outro lado, para as empresas que têm de se adequar à nova regulamentação. Fintechs de crédito, ERPs e bancos médios, por exemplo, já consomem as APIs de OB da Celcoin.
Atualmente, a Celcoin oferece APIs de pagamento de contas, tributos, transferências via TED, Pix, recargas de celular, recargas de bilhetes de transporte, giftcards, saques e depósitos na Rede Banco24Horas e, mais recentemente, incluiu API de débito automático e DDA. Com uma base de mais de 150 clientes — incluindo fintechs, corretoras, varejistas, entre outros — tem a expectativa de chegar em 250 até o final do ano. No ano passado, foram transacionados R$ 11 bilhões na plataforma. Para este ano, o plano da Celcoin é processar quase quatro vezes mais (R$ 40 bilhões).
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