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Crediário direto avança no varejo online e já substitui cartão

Parcelamento fora do cartão chega a representar 20% da receita de algumas redes varejistas, segundo a consultoria GMattos

E-commerces e marketplaces | Imagem: Adobe Photoshop
E-commerces e marketplaces | Imagem: Adobe Photoshop

O crediário direto de lojistas para consumidores ganha força como instrumento de parcelamento de compras sem cartão no varejo digital no Brasil. Em julho de 2025, a modalidade atingiu 37,3% das lojas online monitoradas pela consultoria GMattos. A expansão ocorre em paralelo ao avanço do BNPL de maneira geral, que alcançou 61% de aceitação em julho, de acordo com a pesquisa. BNPL é a sigla para Buy Now, Pay Later, ou “compre agora, pague depois”.

De acordo com dados compilados pela consultoria, em grandes redes de varejo, o parcelamento fora do cartão chega a representar 20% da receita. “O crediário próprio permite maior controle da oferta de parcelamento por parte do lojista, em relação ao BNPL de fintechs, onde, embora também independente do cartão de crédito, a gestão pertence à fintech, dona do arranjo parcelado”, apontou a GMattos.

Fonte: Estudo GMattos

O estudo menciona a Magazine Luiza (Magalu). Além da financeira LuizaCred em joint-venture com o Itaú, a varejista diversificou a oferta de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) por meio do MagaluPay. “Embora as duas alternativas estejam ativas, é esperado que a Magalu passe a priorizar a oferta de crediário via MagaluPay, onde é o único controlador, com custos operacionais menores e, com isso, melhor margem”, disse a consultoria. “A carteira do LuizaCred é um ativo relevante, e o eventual conflito com a operação do MagaluPay precisa ser administrado.”

A análise cita também o exemplo da Riachuelo, cuja oferta de crédito direto ocorre por meio da financeira de mesmo grupo, a Midway. “Com faturamento crescente (alta de mais de 50% nos últimos cinco anos), as receitas financeiras representaram 24% do total de receitas do grupo em 2024”, destacou a GMattos.

CDC invade varejo de médio porte

Antes restrito a grandes redes varejistas, o crediário direto vem atraindo também lojistas de médio porte, graças à evolução tecnológica e à redução dos custos de implementação das soluções, de acordo com o estudo. O modelo mais tradicional envolve parcerias com bancos, mas há um apetite crescente pela construção de plataformas próprias para a oferta direta desse tipo de crédito.

Conforme a GMattos, a escolha do modelo impacta diretamente na estrutura tributária da operação. Enquanto administradoras de cartões operam com carga tributária da ordem de 40%, segundo a consultoria, o percentual cai para cerca de 15% se a opção for a bancarização do crédito por meio de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) ou estruturas de securitização.

Como exemplo de lojista de médio porte, o estudo cita a Oscar Calçados. A rede com mais de 180 lojas opera desde 2014 o FestCard, uma plataforma de fidelização com crediário direto. O produto conta com mais de 200 mil clientes ativos e foi ampliado para estabelecimentos fora do grupo, como farmácias e supermercados.