NEGÓCIOS

Jeitto compra Pilla, entra em consignado e não vai parar por aí

Nova unidade de negócio deve responder por 30% do faturamento total do aplicativo de crédito digital até 2026, diz CEO

Fernando Silva e Alex Franco/Jeitto
Fernando Silva e Alex Franco/Jeitto | Imagem: divulgação

O Jeitto, aplicativo de crédito digital e consumo para as classes C e D, está colocando em marcha seu plano de diversificação dos negócios. A fintech anuncia nesta terça-feira (11/2) a compra de 100% da Pilla e, assim, entra no mercado de crédito consignado privado. O valor da operação não foi divulgado. É a primeira aquisição feita pela empresa, que segue de olho em novas oportunidades de M&A para expandir sua atuação.

O avanço no consignado privado tem explicação. Hoje, metade dos 10 milhões de clientes do Jeitto trabalha na modalidade CLT. Em geral, são pessoas que estão em empresas de pequeno ou médio porte e não têm acesso a esse tipo de empréstimo. “É um segmento de profissionais com alta rotatividade e alta vulnerabilidade, e boa parte dos bancos acaba não atendendo”, explica Fernando Silva, CEO e co-fundador do Jeitto, ao Finsiders Brasil.

Outro motivo para a entrada em consignado está ligado ao potencial da modalidade. “Esse produto ainda não está atingindo grande parte das pessoas no País”, diz Fernando. De acordo com dados do Banco Central (BC), em dezembro de 2024, o saldo total de todos os tipos de empréstimos consignados atingiu R$ 675,9 bilhões, sendo que o consignado privado representa menos de 6% desse volume, ou R$ 39,7 bilhões. A maior fatia está dividida entre consignado para servidores públicos e beneficiários do INSS.

Oportunidade

No caso do Jeitto, a expectativa é que essa nova unidade de negócio corresponda a 30% do faturamento total da fintech até 2026, prevê o CEO. O plano é atender principalmente empresas com até 500 funcionários. Com a modalidade, a ideia é aumentar também os tíquetes dos empréstimos. “Hoje, nosso crédito vai de R$ 50 a R$ 3 mil, em diferentes configurações de produtos. Podendo consignar, passamos a emprestar até R$ 15 mil, com uma taxa menor e mais prazo”, afirma Fernando.

Alex Franco, executivo responsável por Riscos (CRO) e Tecnologia (CTO) do Jeitto, lembra também do momento oportuno para o consignado privado. Em breve, o Governo Federal deve enviar ao Congresso uma proposta com mudanças na modalidade. “Já estamos preparando as APIs para o novo modelo”, diz. Para ele, a nova configuração tende a conviver com o formato atual, em que os bancos e as fintechs firmam convênios com as empresas. “Acredito que vai ter um mix.”

A entrada no consignado privado é o primeiro movimento feito pelo Jeitto para expandir suas linhas de negócios com produtos que tenham garantia. “Estamos prevendo outras iniciativas de consignado, tendo como garantia recebíveis de autônomos e ambulantes”, revela Fernando. “Não vamos parar no consignado. Queremos trabalhar com outros tipos de crédito com garantia, inclusive para pequenas e médias empresas (PMEs)”, completa Alex.

Deu ‘match’

Fundada em 2021, a Pilla começou no mercado de antecipação de salário, mas ampliou sua oferta e diversificou seus serviços, incluindo o crédito consignado e outras soluções. Atualmente, conta com mais de 75 mil funcionários de mais de 40 empresas conveniadas. Os clientes vão desde negócios com menos de 50 profissionais até grandes companhias, como a RD Saúde (antiga Raia Drogasil).

Segundo Alex, as conversas com a Pilla começaram há cerca de sete meses. “Encontramos uma empresa com propósito, cultura e valores indo na mesma linha que nós. Além disso, a plataforma que eles fizeram já nasceu via API e conectada a soluções de cloud. A integração será muito rápida”, diz Alex.

Com a conclusão do negócio, a dupla de fundadores da Pilla, Henrique Soares e Renatto Machado, passa a fazer parte da equipe do Jeitto. Henrique vai liderar o negócio de consignado, enquanto Renato cuidará da tecnologia na nova vertical. O time da Pilla, hoje com 25 pessoas, também será integrado ao Jeitto.

“Unir forças com o Jeitto é um passo fundamental para a Pilla e para a concretização da nossa missão de democratizar o acesso ao crédito no Brasil”, disse Henrique, CEO da plataforma, em nota. Segundo ele, a parceria é uma oportunidade de oferecer aos seus investidores “um bom retorno e liquidez”. Em 2021, a Pilla recebeu um aporte pré-seed de R$ 2,5 milhões da Barrah/B1, de Pedro Cavalcanti Sirotsky. Em sua história, contabilizou R$ 6 milhões em investimentos.