O Banco do Brasil (BB) e a empresa de tecnologia Giesecke+Devrient Currency Technology (G+D) vão experimentar uma solução de pagamentos offline dentro do piloto do Drex, a moeda digital do Banco Central (BC). Na prática, o objetivo é testar pagamentos usando a CBDC brasileira sem necessitar de acesso à internet.
A solução já passou por testes em alguns países como Gana e Tailândia. Seu uso é possível em carteiras digitais, cartões de plástico, wearables (dispositivos vestíveis) eSIM ou celulares. A partir do contato entre os dispositivos, o valor é debitado do pagador e creditado no recebedor. As transferências dos dados criptografados entre as contas são garantidas pelo protocolo de segurança da G+D.
De acordo com o BB, a ideia é ampliar a avaliação dos testes de uso do Drex em transações do dia a dia, como pequenas compras no comércio, pagamento de serviços e mesada. “Com o pagamento offline, poderemos levar facilidade e tecnologia a pessoas com dificuldade de acesso à infraestrutura tecnológica”, afirma Marisa Reghini, vice-presidente de negócios digitais e tecnologia no BB, em nota.
Na visão de Raoul Herborg, diretor-geral de CBDC na G+D, uma CDBC deve funcionar para todos, em qualquer lugar, a qualquer hora. “Somente desta forma pode ser uma moeda digital pública verdadeiramente inclusiva”, diz o executivo, no texto.
Serpro e Banrisul
Outro acordo recente foi entre o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e a empresa pública federal Serpro. O objetivo é unir esforços para criar novas tecnologias para o Drex. As entidades dizem que estão promovendo a integração de suas equipes de desenvolvimento e estudando casos de sucesso. A previsão inicial de duração do acordo de cooperação técnica é de um ano.
A primeira ação será a criação de uma rede conjunta entre o Serpro e o Banrisul. Em seguida, a intenção é compartilhar conhecimentos sobre smart contract, uso de bases de dados e criação de aplicações. Além disso, nas mesmas operações de transferências de valores usadas no real digital, haverá testes dos oráculos desenvolvidos pelo Serpro — trata-se de um mecanismo que verifica uma informação em rede blockchain. Em um terceiro momento, o Serpro irá conhecer as aplicações do banco e avaliar a criação de soluções conjuntas envolvendo o Drex.
“É um divisor de águas: vamos aprender juntos, errar juntos, em um ambiente seguro e, ao final, inovarmos juntos”, afirma Alexandre Amorim, presidente do Serpro, em nota. ‘A parceria com o Serpro é crucial para criarmos uma tecnologia de ponta, com o apoio da maior empresa pública de TI da América Latina”, completa Fernando Lemos, presidente do Banrisul.
Drex
O piloto do Drex tem a participação de 16 consórcios. O grupo inclui desde grandes bancos até empresas de tecnologia, passando por instituições de pagamento, cooperativas, entre outros perfis de players.
O tema, porém, ainda está distante da população. Apenas 18% dos brasileiros conectados à internet sabem o que é o Drex, conforme pesquisa recente.