Bancos, fintechs e demais instituições financeiras estão com mais apetite por informações de investimentos no Open Finance. É o que indica um levantamento feito pela consultoria Bip, com base em dados públicos reportados pelos participantes do ecossistema. Em dezembro do ano passado, o volume de chamadas de APIs de investimentos chegou a 1,81 bilhão, o que representa um crescimento de mais de 29 vezes ano contra ano. A base, a bem da verdade, era quase ínfima. O compartilhamento de dados de produtos de investimentos começara em setembro de 2023.
API é a sigla em inglês para interface de programação de aplicação. Na prática, são um conjunto de regras, definições e protocolos que permite a comunicação entre diferentes sistemas, serviços ou aplicativos.
De acordo com a Bip, no último mês de 2024, as APIs de investimentos corresponderam a 17% do volume total de chamadas de APIs no ecossistema. Um ano antes, elas representavam apenas 1%.
Segundo o levantamento, em dezembro do ano passado, as principais APIs de investimentos foram renda fixa bancária (75%), renda variável (12%) e fundos de investimentos (9%). Os 4% restantes se dividem entre títulos do Tesouro Direto e papéis de renda fixa de crédito (por exemplo, debêntures, CRIs e CRAs).
No encerramento de 2024, os maiores receptores de dados de investimentos foram Caixa Econômica Federal (19%), Nubank (17%) e Mercado Pago (14%). No top 5, o ranking traz também Itaú Unibanco (14%) e Banco do Brasil (8%).
Evolução
Para Pedro Godoy, gerente de serviços financeiros da BIP, os números representam um amadurecimento do ecossistema, assim como há uma crescente demanda por informações dos produtos de investimento. “A API de renda fixa bancária, que não é atualizada com tanta frequência como as APIs de conta e cartão, vem crescendo e está entre as maiores em volume de chamadas. As instituições estão com apetite por esse tipo de dado”, diz, em conversa com o Finsiders Brasil.
Conforme o especialista, com essas informações compartilhadas pelos clientes, as instituições conseguem entender melhor o perfil do cliente e a distribuição da carteira entre os players. “Com os dados de renda fixa bancária (por exemplo, um CDB), a instituição pode tentar oferecer um produto melhor para o cliente”, cita Pedro. A consolidação dos investimentos num só aplicativo é outro caso de uso, diz o especialista.
Em relação à qualidade de dados, Pedro diz que há um esforço do ecossistema nesse sentido. Além de ferramentas que monitoram esse aspecto, o próprio Banco Central (BC) vem apertando a regulamentação. A Instrução Normativa BCB 575, publicada em dezembro de 2024, é um exemplo disso. “No caso de investimentos, antes da entrada desses dados, houve um trabalho bem forte [do ecossistema] em 2022 e 2023”, afirma ele.
Próximas etapas
Atualmente, o Open Finance soma mais de 64 milhões de consentimentos ativos e mais de 42 milhões de clientes (pessoas físicas e empresas), conforme os dados disponíveis no Dashboard do Cidadão, no site Open Finance Brasil.
A nova estrutura de governança – agora definitiva -, a Jornada Sem Redirecionamento (JSR) e a portabilidade de crédito são algumas das novidades para 2025.