
Com 55 milhões de clientes que já compartilharam dados, o Open Finance já atinge o equivalente a um terço da população bancarizada no Brasil. O ecossistema, cujas regras completaram cinco anos no início de maio, soma cerca de 3,3 bilhões de chamadas de APIs por semana. APIs é a sigla em inglês para interfaces de programação de aplicações, que permitem troca de informações entre diferentes sistemas.
Os números foram dados por Gilneu Astolfi Vivan, diretor de Regulação do Banco Central (BC), em palestra no “Fórum Bancos & Banking”, evento realizado nesta quarta-feira (21/5) pela empresa de eventos Cantarino Brasileiro em parceria com a Acrefi, associação que representa principalmente financeiras.
“O Open Finance vem crescendo de forma relevante nos últimos anos, está ganhando tração. É, em essência, uma melhoria do serviço para o cidadão”, afirmou Gilneu.
Performance, crédito e PJ
Para 2025 e próximos anos, o BC pretende avançar principalmente em três frentes, segundo ele: melhoria de performance e qualidade de dados que trafegam no sistema; novas soluções ligadas a crédito, entre elas a portabilidade; e o aprimoramento da experiência das empresas no Open Finance, especialmente para os pequenos negócios.
Gilneu destacou, ainda, a Jornada Sem Redirecionamento (JSR). O mecanismo, que estreou no fim de fevereiro, habilita modalidades como Pix por Aproximação e Pix por Biometria. “O nome é horroroso. Mas para os entendidos, faz sentido”, brincou ele. Para o diretor do BC, o novo recurso torna a experiência do usuário mais fluida e tem grande potencial no mercado online. “Já temos 1,5 milhão de usuários e mais de 1,5 milhão de transações mensais”, citou.
De acordo com o diretor do BC, as instituições participantes do Open Finance estão cada vez mais aproveitando os dados compartilhados via sistema para oferecer produtos, serviços e condições melhores aos seus clientes. No último Relatório de Estabilidade Financeira, por exemplo, o regulador divulgou ter mapeado 139 casos de uso a partir do Open Finance no segundo semestre de 2024. E o sistema já permitiu a concessão de R$ 18 bilhões em crédito.
Mudanças à vista
Durante sua apresentação, GIlneu elencou algumas das principais iniciativas regulatórias em andamento no BC para 2025 e 2026. Entre elas, estão as normas para as prestadoras de serviços de ativos virtuais (Vasps, na sigla em inglês) e para o modelo de Banking as a Service (BaaS) – ambas estão previstas para o segundo semestre deste ano, segundo ele.
Tokenização, novas modalidades do Pix (como Pix Parcelado e Pix em garantia), MED 2.0 e duplicatas eletrônicas também fazem parte da agenda do BC, citou Gilneu. A revisão das regras para as empresas que atuam com transações transfronteiriças (eFX) é outro tema prioritário para o regulador neste ano, disse o diretor da autarquia.
“As entregas do BC nos últimos anos têm trazido uma série de palavrinhas novas que hoje fazem parte do nosso dia a dia. Vamos continuar promovendo a modernização do conjunto normativo. De um lado, significa continuar o movimento de inovação no sistema financeiro e, de outro, seguir atualizando vários processos que já existem hoje”, afirmou.