Evento online da Acrefi sobre Crédito e Open Finance | Imagem: print de tela
Evento online da Acrefi sobre Crédito e Open Finance | Imagem: print de tela

O Open Finance está ajudando a redesenhar o acesso ao crédito no Brasil. A opinião foi consenso entre representantes do Banco Central (BC), da PilotIn e da Associação Open Finance que participaram do workshop “De dados a decisões: O novo ciclo do Crédito com Open Finance”, promovido pela Acrefi na quarta-feira (26/11). Para eles, o modelo começa a entrar cada vez mais na rotina financeira dos brasileiros e a alterar a forma como as instituições tomam decisões.

Matheus Rauber, chefe de Subunidade no Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, informou que o ecossistema já acumula 136 milhões de consentimentos ativos e 86 milhões de contas conectadas. Segundo ele, o volume reflete a adoção espontânea ao sistema, na medida em que os clientes percebem vantagens. Matheus adiantou que o BC trabalha para levar ao Registrato uma visão centralizada de todos os consentimentos autorizados pelo usuário.

Portabilidade do crédito consignado deve ser foco da agenda regulatória em 2026. Matheus confirmou que, em fevereiro, entrará em operação a portabilidade do crédito pessoal sem garantia, seguida das linhas consignadas. Ele revelou que o setor avalia um fluxo assíncrono de consentimento. Isso permitirá ao usuário iniciar o processo em uma instituição e concluí-lo depois na transmissora, incluindo a possibilidade de autorizar várias instituições de uma só vez.

“O Open Finance deve intensificar a competição no setor e permitir decisões mais conectadas ao comportamento real dos clientes, especialmente com a evolução conjunta de dados e pagamentos”, afirmou.

Redução de fraudes

Ele lembrou que, no primeiro semestre de 2025, instituições financiaram R$ 12 bilhões com apoio dos dados do Open Finance, totalizando R$ 30 bilhões desde o início do monitoramento. As fintechs movimentaram R$ 2 bilhões apenas no semestre e R$ 5,4 bilhões no acumulado. O principal ganho veio da compreensão mais precisa do perfil de risco: “As instituições começaram a enxergar o risco de forma mais fiel”.

Ingrid Barth, CEO da PilotIn, detalhou como o uso dos dados afeta operações reais. Em uma jornada de financiamento de equipamentos médicos, a empresa registrou crescimento de 400% nas vendas das revendas em dois meses e meio. O ajuste na análise veio de indicadores simples, como fluxo de caixa extraído diretamente via Open Finance. Ingrid citou redução de fraudes relacionadas a extratos manuais, aumento dos tíquetes médios e queda da inadimplência entre 25% e 30%. Ela disse que o modelo passou a expor comportamentos positivos que antes não apareciam nos scores: “Os modelos finalmente capturam o comportamento positivo das pessoas”.

Genaro Dueire, diretor de monitoramento da Associação Open Finance Brasil, comentou que as instituições exploravam o sistema de maneiras distintas. Algumas ampliaram o uso de dados para crédito, prevenção a fraudes e investimentos; outras ainda adotavam o mínimo necessário. Ele citou o exemplo de uma instituição que analisou as aplicações de clientes em outro banco e recomendou que permanecessem onde estavam por oferecerem condições melhores. Para Genaro, isso mostra uma mudança no relacionamento com o consumidor, baseada na transparência.