Wlado Teixeira, diretor-executivo da GV Angels

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Aos 60 anos, o engenheiro Wladomiro (Wlado) Nunes Teixeira Junior montou uma empresa terceirizadora de operações de crédito imobiliário. Estamos falando de 2007, época em que quase ninguém comentava sobre startups ou fintechs. Nem o próprio Wlado sabia o que tudo isso significava.

Executivo de egresso de bancos de investimento, Wlado Teixeira trabalhou durante 13 anos como advisor de operações de M&A até que, ao assessorar um cliente, notou que daria para automatizar processos no segmento de crédito imobiliário. Daí nasceu a Vivere, startup criada em 2007 ao lado do amigo Marcos Buratini e seu irmão Fernando.

O negócio decolou. Faturou R$ 1 milhão no primeiro ano, R$ 7 milhões no segundo, saltou para R$ 13 milhões no terceiro e chegou a R$ 37 milhões em cinco anos de operação. Em 2011, o BTG comprou uma fatia de 30% na empresa. Dois anos depois, os empreendedores venderam o negócio para a Accenture, com um múltiplo de 30 vezes em relação ao investido no início.

“Depois que vendi a empresa, pensei: não adianta montar outra. Se a cada dez startups, nove morrem, não vou acertar mais.”

Investimento-anjo

Àquela altura, o empreendedor já estava mais familiarizado com os conceitos do ecossistema de startups. Logo conheceu os principais atores e descobriu as aceleradoras e os investidores-anjos.

Hoje, Wlado dedica boa parte do seu tempo para mentorias, juris e bancas de avaliação de startups. Integra o corpo de diretores da GV Angels, grupo de anjos criado em 2017 por ex-alunos da FGV-EAESP. Aos 72 anos, o hobby do investidor é a prática de mergulho autônomo e fotos submarinas.

“De 2013 a 2017, quando foi fundada a GV Angels, investi em sete empresas, como Netshow.me e PinPeople. Quando fui para a GV Angels, já estava com bom traquejo porque avaliação de startups é mais arte do que ciência.”

Hoje com 190 membros, a GV Angels analisa entre 25 e 30 por mês para chegar a um filtro que selecionará duas. A tese de investimento é agnóstica, com aportes em empresas digitais, de diferentes verticais. “Só não investimos em manufaturas”, diz.

Em três anos, o grupo já aportou R$ 8,5 milhões em 19 startups, entre elas, Eats For YouInstaviagem e PackID. “Vamos completar 20 nos próximos dias”, conta Wlado.

Valuation

Para Wlado, um dos erros dos empreendedores é pedir um valor alto nos estágios iniciais de captação. Quando o fundador é diluído bastante nas primeiras rodadas, isso tende a atrapalhar futuras captações.

“A gente precisa ser muito pro-empreendedor. Não fazemos co-investimento com redes que a gente sente que estão tentando forçar a barra com o empreendedor.”

Fintechs

Apesar de a FGV ser uma escola tradicional na formação de profissionais de finanças, o dealflow não tem trazido tantas fintechs para a análise dos investidores, segundo Wlado.

Mas isso não quer dizer que não tenha grandes oportunidades no setor. Para o investidor, o segmento de antecipação de recebíveis é uma área promissora. Outro nicho que pode dar bons frutos é de benefícios corporativos.