Com mais de 167 milhões de usuários, não há dúvida de que o Pix caiu no gosto da população brasileira. Ainda assim, é possível encontrar quem não faça transações com o método de pagamento instantâneo. E os principais motivos são medo de fraudes, não saber utilizar ou ter uma rede de celular instável.
As conclusões estão em uma pesquisa encomendada pela Fiserv e realizada pela Opinion Box. O levantamento ouviu 2.020 pessoas bancarizadas acima de 16 anos de todo o Brasil e todas as classes sociais, no período entre 4 e 24 de junho deste ano. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
De acordo com a pesquisa, apresentada a um grupo de jornalistas nesta quinta-feira (15/8), o principal motivo – disparado – que leva os entrevistados a não fazer esse tipo de transação é o receio de fraude (55%). Entretanto, somente 6% afirmam já ter sofrido um golpe. E mesmo com o medo de fraudes, seis em cada dez (64%) acreditam que o Pix é um meio de pagamento seguro.
Conforme o estudo (íntegra aqui), são apenas 2% dos brasileiros que atualmente não realizam transações por meio do Pix. Entre esses, alguns nunca fizeram, outros já fizeram, mas deixaram de usar.
Desse público, quase metade (46%) diz que precisou pedir ajuda a amigos ou familiares para fazer uma operação via Pix. Além disso, duas em cada dez (21%) pessoas se consideram excluídas ou ultrapassadas por não terem a possibilidade realizar pagamentos e transferências com o sistema.
“Mesmo com o baixo percentual de não usuários, identificamos uma oportunidade para que as instituições financeiras melhorem o conhecimento sobre o Pix por meio de ações educativas”, afirmou Rodrigo Climaco, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Fiserv Brasil.
Controle financeiro
Outro resultado que chama atenção na pesquisa é o alto percentual de brasileiros que relacionam o uso do Pix ao controle financeiro. Quase 90% concordam que esse tipo de transação facilita a vida financeira. Além disso, oito em cada dez brasileiros fazem operações via Pix pelo menos uma vez por semana – 37% recorrem ao pagamento instantâneo diariamente.
A adoção do Pix para pagar produtos em estabelecimentos físicos ou online também vem crescendo. Isso pode ser observado, inclusive, pelos números oficiais do sistema. Atualmente, quase 40% das transações por Pix são de pessoas para empresas (P2B). Cerca de dois anos atrás, representavam 20% do total. “Isso demonstra que a aceitação do Pix no varejo cresce consideravelmente”, aponta Rodrigo.
De acordo com a pesquisa da Fiserv, nove em cada dez brasileiros já recorreram ao Pix para pagar estabelecimentos, físicos ou online. Os próprios varejistas, e-commerces e marketplaces vêm incentivando o pagamento instantâneo por meio de descontos, promoções e cashbacks. Com o lançamento do Pix por aproximação, previsto para fevereiro de 2025, a tendência é que isso ganhe ainda mais força.
No ambiente online, o cartão de crédito permanece como o método de pagamento preferido, indicado por 59% dos entrevistados. A explicação é simples: a predileção pelo cartão tem a ver com os benefícios associados, como pontos, milhas e o bom e velho parcelamento. Ainda assim, 33% dos ouvidos preferem o Pix. Apenas 6% optam pelo cartão de débito e outros 2% recorrem ao boleto bancário.
Deu certo ou não?
A pesquisa traz, ainda, dados sobre a experiência de pagamento com Pix no varejo. Quatro em cada dez (42%) já se viram naquela cena em que o valor é debitado da conta, mas o lojista demora a confirmar a transação. As pessoas que já passaram por situações como essas se sentiram constrangidas, preocupadas e desconfortáveis. Detalhe: 84% dos ouvidos precisou mostrar o comprovante de pagamento a pedido dos lojistas.
Para 42% dos entrevistados, a responsabilidade é do banco em situações de demora para confirmar o pagamento via Pix. Outros 34% responsabilizam o sistema das lojas. Uma parcela menor (13%) culpam a própria internet por esse problema.
“A questão das intercorrências na experiência de pagamento com Pix no varejo é um ponto que chamou a atenção na pesquisa. No nosso mindset de varejo e de banco, essa é uma questão muito mais de tecnologia. Mas não é. O usuário também acaba sendo afetado, de modo que ele acaba se virando de outra forma”, disse Rodrigo.