PLÁSTICOS

Cartões movimentam R$ 1 trilhão no terceiro trimestre

O crescimento foi de 10,2% em um ano, puxado novamente pelo crédito; recorrência também aumentou

Valor transacionado em cartões no terceiro trimestre de 2024
Valor transacionado em cartões no terceiro trimestre de 2024 | Imagem: relatório Abecs

As transações realizadas com cartões de crédito, débito e pré-pagos alcançaram o recorde de R$ 1 trilhão no terceiro trimestre de 2024, um crescimento de 10,2% em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, o total movimentado chegou a R$ 3 trilhões, um aumento de 10,9% comparado ao mesmo período do ano anterior.

“Foi a primeira vez que vimos esse número em um trimestre apenas”, disse em entrevista a jornalistas Giancarlo Greco, presidente da Abecs – a entidade que representa o setor. Ele acredita que a movimentação recorde no terceiro trimestre fortalece as projeções de que o volume anual pode ultrapassar os R$ 4 trilhões.

O cartão de crédito apresentou um crescimento de 14% e um total de R$ 693,2 bilhões transacionados. Por outro lado, o cartão de débito teve uma leve queda de 0,4%, movimentando R$ 248,3 bilhões. Já os cartões pré-pagos, embora com menor representatividade, registraram alta de 14,7%, somando R$ 94,1 bilhões.

No crédito, 75,7% das transações foram à vista, enquanto 24,3% envolvem cobranças de juros. “Esse comportamento demonstra que os consumidores ainda preferem utilizar o crédito para compras imediatas, mas o parcelamento sem juros continua a ser uma opção popular​”, disse o executivo. “No total do endividamento das famílias, os cartões representam apenas 2,2%”. Dentro desses quase 76% “à vista”, porém, 40% são relativos a compras parceladas sem juros. A média de parcelas varia conforme o setor, sendo comum encontrar de quatro a seis parcelas em segmentos com tickets médios menores e até doze parcelas em setores como eletrodomésticos e eletrônicos​.

Recorrência em cartões

Pela primeira vez, também, a Abecs trouxe dados sobre pagamentos recorrentes com cartões. A modalidade que automatiza a cobrança de serviços e facilita a rotina dos consumidores movimentou R$ 28 bilhões, um crescimento de 41,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O uso do cartão de crédito foi predominante, respondendo por R$ 26,6 bilhões desse total, um aumento de 44%.

Pagamentos recorrentes por meio de cartões pré-pagos atingiram R$ 685 milhões, um aumento de 38,9%, enquanto os cartões de débito movimentaram R$ 673 milhões, crescendo 15,8%. O ticket médio nos pagamentos recorrentes variou conforme a modalidade: cerca de R$ 85 para cartões de crédito, R$ 38 para débito e R$ 36 para pré-pago.

O presidente da Abecs admitiu o impacto potencial do Pix Automático nos pagamentos recorrentes com débito, destacando que a concorrência entre essas modalidades é natural e esperada. “O Pix complementa o nosso mercado e oferece mais uma opção ao portador”, disse. “Quando se trata de pagamentos recorrentes, é provável que o impacto seja mais visível na modalidade de débito, pois ambos utilizam a conta corrente como fonte de recursos. No entanto, a proposta de valor do cartão de crédito, com benefícios e um limite pré-aprovado, mantém essa modalidade mais resiliente.”

Online e sem contato

As compras não presenciais também mostraram um desempenho significativo, com os cartões movimentando R$ 246 bilhões, alta de 15,8% no período. O uso de cartões de débito em transações online registrou um crescimento de 6,9% em relação ao terceiro trimestre de 2023, e aumento de 427,8% se comparado a 2019, antes da pandemia. “O avanço das transações remotas reflete uma mudança nos hábitos de consumo e na adaptação tecnológica do mercado”, observou Giancarlo.

Os pagamentos por aproximação mantiveram seu ritmo de expansão, movimentando R$ 376 bilhões, um incremento de 46,5%. A quantidade de transações por aproximação cresceu 33%, com a participação desse método atingindo 65% dos pagamentos presenciais em setembro de 2024. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, 61% dos consumidores utilizam essa tecnologia de forma constante, citando a rapidez e a comodidade como principais atrativos.