'MOBILE BANKING'

Celular cresce na preferência do cliente bancário, aponta pesquisa da Febraban

Transações no canal cresceram 15% em relação a 2023, totalizando 155 bilhões; clientes realizam, em média, 55 operações por mês via celular

Rodrigo Mulinari/Febraban | Imagem: print de tela
Rodrigo Mulinari/Febraban | Imagem: print de tela

No epicentro da transformação digital bancária no Brasil, os celulares seguem dominando com folga a preferência dos usuários. A segunda parte da 33ª edição da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, realizada pela Deloitte e apresentada nesta quarta-feira (11/6), durante o Febraban Tech 2025, confirma: o celular foi responsável por 75% das transações realizadas em 2024. O total foi recorde: 208,2 bilhões de operações no ano, uma alta de 8% sobre o ano anterior.

“O celular se tornou o principal meio de relacionamento financeiro dos brasileiros. O mobile triplicou sua participação em cinco anos e não vemos, no horizonte, nenhum outro canal capaz de superá-lo”, afirmou Rodrigo Mulinari, diretor da Febraban responsável pela pesquisa. Para ele, a supremacia do mobile se sustenta na combinação de “praticidade, conveniência e segurança”, e deve perdurar “por muitos anos ainda”.

O salto do celular

As transações por mobile banking cresceram 15% em relação a 2023, totalizando 155 bilhões. O canal chama a atenção não apenas pelo volume, mas pela intensidade do uso: clientes realizam, em média, 55 transações por mês via celular, ante 48 no ano anterior, um aumento de quase 15%.

Além disso, 78% dos usuários ativos do mobile são considerados heavy users — isto é, realizam mais de 80% de suas operações por esse canal. Em 2023, essa proporção era de 76%.

A preferência é especialmente evidente entre pessoas físicas, que respondem por 92% das transações no mobile. Já no internet banking, predominam as pessoas jurídicas, com 79% do volume — embora pela primeira vez o mobile tenha superado o internet banking em número de transações também entre os clientes empresariais.

Fonte: Febraban e Deloitte

“Culpa” do Pix

Grande motor do mobile, o Pix registrou um crescimento de 41% no canal, ultrapassando 24,7 bilhões de operações. Entre os usuários mais assíduos do sistema de pagamentos instantâneos, os chamados heavy users (aqueles que realizam mais de 30 operações mensais), houve um salto de 47,3 milhões para 65,4 milhões em um ano — alta de 38%.

O crescimento também é visível entre empresas: o número de PJ heavy users passou de 3,9 milhões para 4,7 milhões, avanço de 20%.

Diante dessa reconfiguração do comportamento do consumidor, os investimentos seguem a direção dos dados. Em 2024, os bancos destinaram R$ 42 bilhões à tecnologia, com previsão de chegar a R$ 47,8 bilhões em 2025. A maior parte está concentrada em nuvem, Inteligência Artificial (IA) e cibersegurança.

“A prioridade é entregar cada vez mais serviços com agilidade, personalização e segurança, dentro de uma jornada fluida no mobile”, destacou Carolina Sansão, diretora-adjunta de Inovação, Tecnologia Bancária e Segurança Cibernética da Febraban. Segundo ela, o papel das agências físicas está sendo ressignificado, voltando-se para operações consultivas como crédito e planejamento financeiro.

Unificação e hiperpersonalização

O celular tem também absorvido funcionalidades antes espalhadas em diferentes aplicativos. “O mercado caminha para a unificação dos apps em uma só plataforma, com jornadas personalizadas por perfil de usuário — seja ele pessoa física, jurídica ou MEI”, explicou Rodrigo.

Com mais da metade dos bancos já oferecendo agregadores financeiros e marketplaces integrados, o canal se posiciona como um hub de comando da vida financeira dos clientes. “Os bancos que entenderem isso conseguirão se consolidar como plataformas completas de serviços”, avaliou Sérgio Biagini, sócio-líder da Deloitte para o setor financeiro.

As transações em pontos de venda (POS, na sigla em inglês) cresceram 6% em 2024, chegando a 26,6 bilhões de operações. As modalidades por aproximação superaram, pela primeira vez, as de inserção física do cartão tanto no débito quanto no crédito. O cartão de crédito cresceu 15%, atingindo 9,67 bilhões de operações, enquanto o débito caiu 3%, com 15,6 bilhões. Já o Pix em POS registrou um salto de 69%, totalizando 1,3 bilhão de transações.

Open Finance: chamadas de APIs dobram

O ecossistema de Open Finance também avançou significativamente. O número de chamadas de APIs mais que dobrou: passou de 51,9 bilhões em 2023 para 112,3 bilhões em 2024, aumento de 116%. Quase todas as chamadas (99%) referem-se à fase 2, que trata de dados cadastrais e transacionais. O número de consentimentos ativos para compartilhamento de dados cresceu 28%, alcançando 46,8 milhões. A adesão é puxada por usuários que desejam centralizar suas informações em instituições que oferecem melhores experiências e mais funcionalidades.

API é a sigla em inglês para interface de programação de aplicação, que permite troca de informações entre diferentes sistemas. 

A segunda parte da 33ª edição da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária ouviu 17 instituições financeiras, responsáveis por cerca de 80% dos ativos bancários do País. As questões se concentraram em transações, Open Finance, seguros e comportamento do consumidor. Os dados foram coletados entre janeiro e abril de 2025.