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Fintechs latinas evoluem para ofertas além do "arroz com feijão"

No cardápio mais amplo estão criptomoedas, investimentos e conta em moeda estrangeira, mostra relatório da Mastercard

Fintechs
Fintechs | Imagem: Adobe Photoshop

Se há algum tempo as fintechs na América Latina apostavam em uma oferta de conta digital e cartão para fisgar quem não tinha acesso ao sistema financeiro, agora o “arroz com feijão” dá lugar a um cardápio mais amplo. Nele estão criptomoedas, investimentos e conta em moeda estrangeira, além do velho conhecido dos brasileiros, o parcelado sem cartão, batizado lá fora de Buy Now Pay Later (BNPL). É o que aponta o relatório “A nova era da inclusão financeira na América Latina”, recém-lançado pela Mastercard.

Conforme a pesquisa, em parceria com a Payments and Commerce Market Intelligence (PCMI), a região está entrando em uma “segunda fase de inclusão financeira”. Essa nova etapa se caracteriza pela ampliação no uso de “produtos emergentes”, para além do básico. Esse cenário é fruto da maior disseminação de serviços financeiros básicos e do amadurecimento do ecossistema financeiro.

O relatório mostra, por exemplo, que um percentual relativamente alto de usuários diz utilizar os serviços de fintechs para acessar produtos como criptomoedas (75%), cartões pré-pagos (66%), soluções de BNPL (46%), instrumentos de investimento (43%) e contas em moeda estrangeira (39%).

“Inclusão financeira é mais do que oferecer uma conta digital”, disse Diego Szteinhendler, vice-presidente sênior de Fintechs e Parceiros Digitais da Mastercard para América Latina e Caribe, em apresentação do relatório a jornalistas nesta terça-feira (4/2). O executivo cita que, graças às fintechs, quase metade dos entrevistados tiveram acesso a serviços financeiros pela primeira vez. No Brasil, o percentual é ainda maior: 58%.

Digital…

Entre os serviços que os usuários acessaram pela primeira vez por meio de uma fintech estão as transações por QR Code, citadas por 41% das pessoas. Em seguida, aparecem cartão de débito (35%) e conta corrente/poupança (28%) – veja gráfico. Além disso, três quartos (75%) afirmam que as fintechs os ajudaram a depender menos do dinheiro em espécie. A maioria (72%) também diz essas empresas tornaram suas transações mais convenientes.

Mastercard e PCMI
Fonte: Mastercard e PCMI

… pero no mucho

Apesar do avanço dos serviços financeiros digitais impulsionados pelas fintechs, o uso de dinheiro em espécie permanece alto na América Latina. De acordo com a pesquisa, mais de 63% dos entrevistados dizem utilizar esse método em suas transações diárias ou semanais. O hábito é mais acentuado na população de baixa renda: quatro em cada dez ainda pagam mais da metade de suas despesas mensais em dinheiro.

A Mastercard e a PCMI realizaram o estudo em setembro de 2024, com foco em seis países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru. Foram ouvidos 1.848 consumidores de diversas origens demográficas e socioeconômicas.