Os golpes por meio de Pix ou boletos falsos causaram aos brasileiros um prejuízo de R$ 25,5 bilhões nos últimos 12 meses. O montante supera as perdas financeiras que a população teve com fraudes de cartão de crédito (R$ 18,3 bilhões) ou roubo/furto de celular (R$ 22,8 bilhões). O prejuízo total com crimes virtuais e roubos de celular ultrapassa R$ 186 bilhões.
Os valores são estimados e fazem parte de uma pesquisa feita pelo Datafolha e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgada nesta terça-feira (13/8). O levantamento ouviu 2.508 pessoas de todas as regiões do País, entre os dias 11 e 17/6. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
De acordo com a pesquisa, os casos mais comuns envolvem tentativas de golpes financeiros por meio de aplicativos de mensagens ou ligações (26%). Um quarto dos entrevistados (25%) diz ter sido vítima de tentativas de golpes com transferências, operações via Pix ou boletos falsos. No entanto, apenas 7% afirmam que sofreram alguma fraude com seu cartão de crédito.
Apesar do aumento de situações como essas, a maioria não chega a virar um boletim de ocorrência (BO). Dos 13 tipos de crimes listados pela pesquisa, apenas em roubo ou furto de celulares a maior parte das pessoas (55%) diz ter registrado BO. No caso de golpes envolvendo Pix ou boleto falso, somente 30% prestaram queixas em uma delegacia de polícia. O percentual sobe para 41% entre aqueles que foram vítimas de fraudes com cartão de crédito.
Cartão de crédito: maior prejuízo médio
O levantamento estima também o prejuízo médio por tipo de crime, assim como o número de vítimas por hora. Por exemplo, a cada hora, cerca de 4,5 mil brasileiros foram alvo de tentativas de golpes financeiros virtuais envolvendo transferências, Pix ou boletos falsos.
As fraudes no cartão de crédito são aquelas com o maior prejuízo médio (R$ 1.702), seguidas por furto/roubo de celular (R$ 1.549) e golpes via Pix ou boleto falso (R$ 1.470). O cálculo considera a proporção de entrevistados que dizem ter sofrido esses crimes contra o patrimônio, no intervalo de 12 meses, e o tamanho total da população.
Golpe do Pix errado
Com o sucesso do Pix, a criatividade dos criminosos também vem crescendo. Em nota divulgada hoje (13/8), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alerta para o “golpe do Pix errado”. A fraude ocorre quando a vítima recebe uma transferência dos bandidos, que depois pedem um estorno.
O problema é que, em paralelo, os criminosos acionam o Mecanismo Especial de Devolução (MED), do Banco Central, recurso que facilita as devoluções no caso de golpes e fraudes. Ou seja, se for bem-sucedido, além de receber o dinheiro devolvido espontaneamente, o bandido também recebe o valor pelo MED. A vítima, porém, fica no prejuízo.
“Nunca, em hipótese alguma, faça um estorno para uma terceira conta. Se tiver qualquer dúvida, ligue para seu banco”, afirmou José Gomes, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban, em nota.
Com a escalada dos golpes por meio do Pix, o BC vem reforçando as medidas de segurança para proteger os usuários do sistema de pagamentos instantâneos. A mais recente delas veio com a Resolução 403, que entra em vigor em novembro.