Metade das fintechs brasileiras nunca recebeu investimentos; neste ano, apenas 36% captaram recursos de terceiros – 64% se financiaram com capital próprio dos empreendedores. A constatação é da Fintech Deep Dive 2020, pesquisa realizada em parceria entre a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e a consultoria PwC, com base nas respostas de 148 fintechs, de diferentes portes e setores, ouvidas entre setembro e outubro deste ano.
Dentre as que receberam investimentos, 50% captaram entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões – valor ligeiramente menor que na edição anterior da pesquisa, quando esse montante foi de 53%. A maior parte – 37% – recebeu entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões; 13% receberam um investimento entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões, e 4% entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões. Outros 7% receberam um investimento entre R$ 50 milhões e R$ 200 milhões, e apenas 2% das participantes receberam mais de R$ 200 milhões. Cerca de um quarto (24%) das fintechs também afirma ter recebido investimentos internacionais (contra 30% em 2019).
A evolução da pesquisa ao longo destes três anos também registra o amadurecimento do mercado: no primeiro ano, as empresas com faturamento inferior a R﹩350 mil anuais representavam 51% das participantes. Atualmente, somam 42%.
Segundo Diego Perez, Diretor da ABFintechs, a inovação incentivada pelas novidades no sistema bancário e a necessidade de reinvenção em meio à uma pandemia global levaram as fntechs a um longo período de amadurecimento. “Como resultado, temos um setor fortalecido, com atuação mais diversificada, oferecendo novos serviços e alcançando um novo tipo de público.”
Das empresas consultadas, 35% foram fundadas há 5 anos ou mais, com 39% em processo de expansão ou consolidação. Empresas que têm ao menos uma fundadora mulher tendem a ser mais duradouras: das fintechs com 5 anos ou mais, 42% contaram com ao menos uma mulher em sua fundação, contra 29% das fundadas apenas por homens.
Mais da metade (51%) das 148 fintechs consultadas atendem empresas, com predomínio (41%) das pequenas e médias, enquanto 43% atendem pessoas físicas – 5% dos clientes das fintechs, por sinal, nunca tiveram acesso a produtos financeiros formais. O foco exclusivo no atendimento a empresas também aumentou de 29% para 40%, indicando uma maior confiança dos clientes corporativos nas fintechs.