Depois de um período em que se especializar parecia o melhor caminho, as instituições que atuam no segmento financeiro estão de volta ao passado. A onda agora é ser novamente tudo em um, ‘one stop shop’ – e o catalisador dessa nova velha tendência é o Open Banking.
A constatação é do estudo realizado em parceria entre a Snaq, Alfa Collab, Fischer e Dealmaker, Unbundling e rebundling do setor bancário, que acaba de ser divulgado.
“O Open Banking irá potencializar a tendência de rebundling, uma vez que, facilita a incorporação de novos produtos a Fintech/IF pelas APIs do OB, assim, não necessitando criar dentro de casa o produto ou ter que realizar acordos bilaterais”, diz Marcelo Martins, fundador da Pay Ventures e diretor da ABFintechs.
“Fintechs, varejistas e bancos tradicionais têm uma ótima oportunidade de se tornarem pontos focais desse movimento, principalmente com a implementação do Open Banking”, diz o estudo.
Alterações no setor bancário
No caso dos bancos, base de clientes, infraestrutura, volume de dados, funding, know-how e licenças são apenas alguns dos ativos de instituições financeiras tradicionais para criar em torno de si um ecossistema engajado, com grande potencial de atração de clientes.
Porém, é importante que os bancos adotem uma postura colaborativa, desenvolvendo produtos em parceria e abrindo os seus canais. “É papel dos líderes do mercado financeiro promover a colaboração entre os diversos atores, para que juntos ofereçam a melhor experiência para o cliente”, Francisco Perez, diretor de Novos Negócios do Banco Alfa e responsável pelo Alfa Collab, programa de inovação aberta do conglomerado.
O estudo cita casos de alguns bancos que já vem agindo nessa direção desde 2017, como o Banco do Brasil que integrou a Conta Azul à sua plataforma, o Itaú que lançou com a Omie o app Meu Negócio e o Banco Alfa em parceria com a Monkey Exchange.
Bundling, unbundling e rebundling
Bundling, em inglês, significa algo como “empacotar”- ou seja, oferecer vários serviços dentro do mesmo pacote. Unbundling, portanto, é desempacotar – e rebundling, reempacotar.
One Stop Shop
No Brasil os bancos sempre foram o ‘one stop shop’ para produtos e serviços financeiros de empresas e pessoas. Conta corrente, cartões, financiamento imobiliário, empréstimo pessoal, financiamento de veículo, meios de pagamento, investimentos, previdência, entre outros, eram produtos de um mesmo “pacote” de relacionamento bancário.
“Até 2010, vimos um mercado bancário de fusões e aquisições aquecido e cada vez mais concentrado. Mas, alguns anos depois, começamos a perceber o movimento de desagregação com o surgimento de novos players e incentivos regulatórios de fomento à competição. Nos últimos anos, esse movimento se intensificou, criando o cenário que vemos hoje, com fintechs, adquirentes e plataformas de investimento independentes”, diz o estudo.
Em movimento contrário ao visto no unbundling, o processo natural de crescimento das fintechs passa pelo lançamento de novos produtos, afinal startups nascem resolvendo problemas específicos de um nicho e depois começam a expandir o seu alcance e o seu portfólio de produtos.
“Especificamente, no mercado financeiro impulsionado pela evolução do Bank as a Service, vimos empresas de outros setores lançarem novos produtos financeiros para suas bases de clientes – estratégia apelidada de “fintechização” – com destaque para empresas de varejo.”
Esses dois movimentos, de crescimento das fintechs e fintechização de empresas não financeiras, iniciam uma onda oposta ao unbundling, caracterizando agora uma onda de agregação, chamada de rebundling.
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