CARTÕES

Pagamento por aproximação representa mais de 60% das compras presenciais

Transações desse tipo somaram R$ 644,2 bilhões no primeiro semestre; pagamentos com cartões no geral foram R$ 2 trilhões, segundo a Abecs

Imagem gerada por IA/Adobe
Imagem gerada por IA/Adobe

Numa economia cada vez mais digital, os pagamentos por aproximação seguem em franca expansão. No primeiro semestre deste ano, as transações dessa natureza somaram R$ 644,2 bilhões, o que representou um incremento de 52,9% em relação ao mesmo período de 2023. Do total de compras presenciais com cartões ao final de junho de 2024, mais de 60% foram por aproximação – há três anos, a modalidade representava menos de 14%.

Os dados são da Abecs, associação que representa as empresas de cartões e meios eletrônicos de pagamentos. De acordo com pesquisa Datafolha, encomendada pela entidade, seis em cada dez (61%) brasileiros pagam por aproximação. A maioria (63%) recorre a esse método sempre ou quase sempre, enquanto 20% o faz de vez em quando e outros 17% raramente.

Fonte: Abecs

De acordo com a associação, os pagamentos por aproximação têm maior adoção entre o público jovem (81% na faixa de 18 a 24 anos, por exemplo), porém a tecnologia é usada por todas as faixas etárias. Mesmo entre as pessoas com 60 anos ou mais, a adesão é alta: 35%. Já em relação ao tipo de dispositivo, o cartão é disparado o mais utilizado (78%). Em seguida, vêm celular (30%) e relógio (1%).

“A tendência é de os pagamentos por aproximação crescerem cada vez mais. Os próprios estabelecimentos comerciais vêm, de forma proativa, incentivando a utilização”, afirmou Giancarlo Greco, presidente da Abecs, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (7/8).

E o Pix?

Questionado pelo Finsiders Brasil sobre o impacto que o Pix deve trazer para a indústria de cartões com a criação do Pix por aproximação, previsto para o ano que vem, Giancarlo argumentou que será mais uma opção para o consumidor. “O Pix não é um problema, mas uma solução para o mercado brasileiro”, disse.

Segundo o executivo, o sistema de pagamento instantâneo, de fato, tirou um pouco dos volumes transacionados por cartão de débito. Por outro lado, o Pix também ajuda o consumidor a se acostumar com transações eletrônicas. “Desde que o Pix foi lançado, quem mais perdeu no mercado foi o papel-moeda. Assim como o Pix vem crescendo a passos largos, cartões de crédito também continuam crescendo bastante.”

Números gerais

No primeiro semestre, a indústria de cartões movimentou R$ 2 trilhões, alta de 11,2% ante igual intervalo de 2023. O maior crescimento foi do cartão de crédito, que avançou 14,3% no mesmo período, transacionando R$ 1,3 trilhão. O pré-pago também teve forte expansão (24,8%), enquanto o débito ficou praticamente estável (-0,2%).

Os números foram semelhantes no segundo trimestre. Nesse período, as transações totalizaram R$ 1 trilhão, avanço de 11% ante igual intervalo de 2023. Pré-pago (+22,1%) e cartão de crédito (14,2%) impulsionaram o desempenho, enquanto o débito se manteve estável.

Na visão da Abecs, dois componentes principais explicam os resultados nos últimos meses. Um deles é o cenário macroeconômico, com a redução da taxa de desemprego, que acaba gerando mais confiança para os consumidores irem às compras. Outro é o ciclo de crédito dos bancos emissores, que já enxergam melhora nos portfólios e na inadimplência, citou Giancarlo.

O executivo lembra que historicamente o período de julho a dezembro costuma ter melhor resultado por causa de datas como Black Friday, em novembro, e festas de final de ano. “Imaginamos atingir aquele crescimento que falamos no início do ano, ou seja, pouco acima de R$ 4 trilhões”, afirmou.

No online

O balanço da Abecs (íntegra aqui) mostra, ainda, uma alta de 18,8% nas compras remotas com cartões no primeiro semestre. Ao todo, foram R$ 460,3 bilhões nessas transações, que consideram aplicativos, carteiras digitais e internet de modo geral. “A grande maioria é com cartão de crédito, mas vemos uma expansão forte do débito”, disse Giancarlo.

Em conjunto com a indústria, a Abecs vem liderando uma série de medidas para “reviver” o débito, em meio ao avanço acelerado do Pix. Entre as iniciativas estão o débito sem senha para transações de baixo valor e o ‘click to pay‘. Esse último tem “resultados favoráveis”, mas por enquanto funciona apenas para cartões de crédito.

No começo do ano, quando divulgou o lançamento da iniciativa, a Abecs disse que incluiria o débito no primeiro semestre. Isso não aconteceu. “Temos algumas linha de desenvolvimento do ponto de vista de tokenização e segurança para ter certeza de que iremos colocar o débito no arcabouço do ‘click to pay'”, afirmou Marcelo Tangioni, presidente da Mastercard Brasil, que também participou da divulgação do balanço do setor. “Até o fim do ano, vamos escalar o ‘click to pay’ com crédito para outros estabelecimentos comerciais.”