O prejuízo com golpes financeiros superou R$ 2 bilhões no último ano, e atingiu mais de 40 milhões de brasileiros. A conclusão é do relatório Tendências de fraudes bancárias digitais no Brasil em 2024, da Biocatch. E 90% acontecem por meio de dispositivos móveis. A maioria envolve técnicas de engenharia social, em que criminosos manipulam as vítimas e fazem com que elas revelem senhas ou códigos de segurança, e 82% são em horário útil, entre 9h e 17h. A BioCatch usa inteligência biométrica comportamental na detecção de fraudes digitais e prevenção de crimes financeiros.
“O dinheiro extorquido das vítimas desses golpes termina em extensas redes de contas laranjas, pelas quais os criminosos ‘lavam’ o dinheiro e o utilizam. Este processo complica ainda mais o esforços para rastrear os criminosos”, explicou Cassiano Cavalcanti, diretor de Pre-Sales Latam da BioCatch, em nota. “Instituições financeiras no Brasil e em todo o mundo devem fazer mais para encerrar as contas laranjas. Elas são vitais para o sucesso de todos os tipo de fraudes e golpes”.
O golpe da falsa central é um dos tipos mais comuns atualmente, que levam as vítimas a revelar informações pessoais e financeiras confidenciais, ou realizar transações de valores para contas laranjas. Roubo de dispositivos móveis e sequestro de informações por malwares também são comuns, aponta a pesquisa, assim como o “golpe do amor”.
Responsabilidade
Em nota, Cassiano cobra um equilíbrio na responsabilidade pelas perdas financeiras decorrentes de tais crimes, que atualmente recaem sobre a vítima. “Vemos a regulamentação em todo o mundo começando a mudar nesse sentido. No Brasil, a Resolução Conjunta nº 6, estabelecida pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), visa aprimorar a comunicação entre as instituições financeiras sobre indícios de fraudes, o que já é um sinal de proteção contra esses crimes”, disse o executivo.
No caso do Pix, o governo e a Febraban já trabalham no aperfeiçoamento do Mecanismo Especial de Devolução (MED). Por enquanto, apenas 8% dos valores roubados são devolvidos segundo o próprio Banco Central.
O estudo da BioCatch conclui, ainda, que em 2022, mais de 70% do total de dinheiro perdido por vítimas de fraudes foi movimentado pelo Pix. “Em transações fraudulentas, observa-se um pico de atividade no dispositivo do titular da conta, seguido por um novo login em um aparelho que nunca foi visto antes. Isso é engenharia social em ação. O golpista manipula a vítima com uma história falsa – mas muito crível –, coagindo-a a acessar o aplicativo de banco digital e compartilhar informações, para que o malfeitor possa realizar transferências”, disse Tom Peacock, diretor de Inteligência Global de Fraudes da BioCatch.