PAGAMENTOS

Uso do cartão por aproximação já responde por 67% das vendas físicas

No entanto, o advento de nova modalidade do Pix pode frear o crescimento desse recurso para pagamentos com cartão

Pagamentos por aproximação
Pagamentos por aproximação | Imagem: Adobe Stock

Os pagamentos por aproximação com cartão cresceram 48% em 2024, para R$ 1,5 trilhão, e já representam 67,2% das transações presenciais. Os pagamentos recorrentes usados para mensalidades, como serviços de streaming, tiveram alta semelhante. Mas o advento do Pix por Aproximação e do Pix Automático pode mudar esse cenário.

A própria Abecs, entidade que representa o setor, admite a concorrência, mas prefere dizer que o dinheiro físico ainda é o principal oponente. A Abecs segue estimando um crescimento das transações em linha com os 11% de 2024, quando os cartões movimentaram R$ 4,1 trilhões.

“As novas funcionalidades trazem mais conveniência ao usuário e podem tirar participação, mas não substituirão os cartões. Elas somente ampliam as opções disponíveis para os consumidores”, afirmou Giancarlo Greco, presidente da Abecs e CEO da Elo, em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira (12/2). A verdade é que a comparação é desleal: no ano passado, o Pix movimentou perto de R$ 27 trilhões – quase sete vezes mais do que os cartões.

Fonte: Abecs

O volume transacionado na modalidade de pagamentos por aproximação atingiu R$ 1,5 trilhão em 2024. Desse total, R$ 823,3 bilhões foram via cartão de crédito (+52,1%), R$ 397,6 bilhões via débito (+50,3%) e R$ 212,7 bilhões em cartões pré-pagos (+50,9%).

O presidente da Abecs ressaltou que o crescimento dos pagamentos por aproximação se deve à conveniência e à segurança da modalidade. “Desde 2021, vimos a participação desse tipo de pagamento saltar de 24% para quase 70%. Com a adoção crescente dessa tecnologia, deve continuar evoluindo nos próximos anos”, afirmou.

A pesquisa da Abecs mostra que 65% dos brasileiros afirmam utilizar pagamentos por aproximação sempre ou quase sempre, e 89% consideram a rapidez e a comodidade os principais benefícios.

Pagamentos recorrentes

Já nos pagamentos recorrentes, o volume transacionado em 2024 foi de R$ 106 bilhões, um crescimento de 38,6% em relação ao ano anterior. Do total, R$ 100,8 bilhões foram com cartão de crédito, enquanto R$ 2,6 bilhões foram via débito e o mesmo valor em pré-pagos.

“A ampliação das ofertas para pagamentos recorrentes tem permitido que consumidores utilizem essa opção para uma série de serviços, desde plataformas de streaming até contas fixas”, destacou o presidente da Abecs. Nos últimos dois anos, o volume movimentado por essa modalidade cresceu 88,5%.

Já o Pix Automático, que permitirá pagamentos recorrentes de forma similar ao débito automático, pode disputar mercado com os pagamentos recorrentes dos cartões. “O Pix Automático é uma inovação importante, mas os pagamentos recorrentes por cartão já são amplamente utilizados e valorizados pelos consumidores. A escolha final será do consumidor, que avaliará vantagens como programas de fidelidade e benefícios adicionais”, explicou o presidente da Abecs.

Consolidado

Do total movimentado com cartões em 2024, o crédito liderou com R$ 2,8 trilhões (+14,6%), seguido pelo débito, com R$ 1 trilhão (-0,1%), e pelo pré-pago, que registrou R$ 379,4 bilhões (+18,1%). O número de transações chegou a 45,7 bilhões, crescimento de 8,2%. O tíquete médio das compras foi de R$ 139,15 no crédito (+3,1%), R$ 60,23 no débito (-1,9%) e R$ 41,32 no pré-pago (+3,2%).

O parcelado sem juros respondeu por 41,1% das compras feitas com cartão de crédito, somando R$ 1,3 trilhão. A modalidade foi mais utilizada em compras presenciais, onde representou 49,5% do volume transacionado. No comércio eletrônico, o parcelado sem juros ficou com 47,6% das operações. Dentro do total de pagamentos por aproximação, 26,6% também ocorreram de forma parcelada.

A maioria das compras parceladas (65,9%) foi feita em até seis vezes sem juros, somando R$ 746 bilhões. Quando consideradas as operações em até 12 parcelas, esse percentual sobe para 98,6%, totalizando R$ 1,3 trilhão. Apenas 1,4% das transações superaram 12 parcelas, movimentando R$ 17,8 bilhões.

A inadimplência nos cartões de crédito caiu para 6,9% em 2024, menor patamar desde julho de 2022, enquanto a taxa total de inadimplência da carteira de crédito para pessoa física permaneceu estável em 5,3%. Além disso, os indicadores de fraude no setor registraram queda de 28,6% nos valores fraudados e de 33,4% no número de ocorrências.