PAGAMENTOS

Vendas no 'e-commerce' devem atingir US$ 586 bi no Brasil em 2027, diz Nuvei

Estimativa da fintech é de que o Pix seja o escolhido dos consumidores em 50% das operações de 'e-commerce' daqui a dois anos

E-commerces e marketplaces | Imagem: Adobe Photoshop
E-commerces e marketplaces | Imagem: Adobe Photoshop

O e-commerce brasileiro deve alcançar a marca de US$ 585,6 bilhões em 2027, o que representa uma alta de 70% na comparação com 2024. Esse avanço deve ser registrado mesmo sobre uma base forte, considerando que o comércio eletrônico local já tem crescido a taxas de dois dígitos nos últimos anos.

A estimativa está na segunda edição do Guia de Expansão Global para Mercados de Alto Crescimento, da fintech canadense de soluções de pagamento Nuvei. Durante a apresentação do estudo a jornalistas, Daniel Moretto, vice-presidente sênior da Nuvei para a América Latina, destacou a relevância crescente no Pix e os desafios enfrentados pelos varejistas locais na competição com gigantes estrangeiros.

“O Brasil tem 216 milhões de habitantes, dos quais 81% têm acesso à internet, predominantemente via dispositivos móveis. Isso cria um ambiente muito propício para o crescimento do e-commerce e da economia digital”, afirmou o executivo.

Pagamentos no e-commerce

O executivo destacou ainda a importância de soluções de pagamento em tempo real, como o Pix, especialmente com o lançamento da funcionalidade de pagamentos recorrentes, que promete transformar o mercado de assinaturas de serviços, por exemplo. “Com o Pix recorrente, o consumidor poderá assinar serviços como Netflix e outras plataformas de streaming diretamente, sem a necessidade de cartões de crédito”, comentou.

Em termos de meios de pagamento, a estimativa da Nuvei é de que o Pix seja o escolhido dos consumidores em 50% das operações de e-commerce em 2027 – foi 40% em 2024. Interessante observar que os cartões de crédito nacionais, embora tenham perdido participação, ainda representaram 34% dos pagamentos de compras online em 2024 e tendam a ficar em 27% em 2027. Essa resiliência dos cartões de crédito está relacionada à possibilidade de compras parceladas. Essa inclinação cultural ao parcelado no cartão limita a expansão do chamado Buy Now, Pay Later (BNPL, ou compre agora, pague depois), comum em outros países. Por aqui, o BNPL representa apenas 1% das transações, percentual que deve se manter nos próximos anos.

Concorrência

No entanto, Daniel chamou atenção para o fenômeno das operações cross-border, em que empresas estrangeiras vendem diretamente ao consumidor brasileiro, muitas vezes com vantagens fiscais e operacionais sobre os varejistas locais. “O cross-border vem crescendo de forma constante, a uma taxa média de 28% no Brasil. No entanto, esse mercado se mantém estável em 7% do volume total de e-commerce. Isso acontece porque muitas empresas testam o mercado via cross-border e, ao obterem sucesso, migram para operações locais”, explicou. Este é o caso da Shopee, que já tem escritórios no Brasil.

Para responder a essa concorrência, algumas empresas brasileiras também estão apostando na internacionalização. “Estamos vendo um movimento interessante de varejistas locais buscando mercados externos. Empresas brasileiras começam a utilizar o modelo cross-border para vender na América Latina e até em outras regiões. É uma forma de equilibrar o jogo e diversificar suas receitas”, comentou.

Segundo ele, os segmentos de varejo e viagens dominam o comércio eletrônico brasileiro, refletindo comportamentos comuns a mercados emergentes. “O varejo é um dos principais motores do e-commerce, seguido de perto pelas viagens e aplicativos de transporte e entrega. Esses segmentos têm crescido de forma consistente, com taxas em torno de 20% ao ano”, detalhou.

Daniel também destacou o papel da inteligência artificial na personalização e na prevenção de fraudes em pagamentos digitais. “A única maneira de reduzir fraudes e personalizar experiências de pagamento é utilizando IA. Sem essa tecnologia, seria praticamente impossível gerenciar operações internacionais de forma eficiente”, afirmou.