MERCADO

Volta do 'inverno'? Investimento em fintechs cai ao menor nível desde 2020

Aportes no primeiro semestre de 2025 somaram R$ 820 milhões em 25 rodadas, segundo levantamento da Liga Ventures e Spiralem

Estudos e relatórios | Imagem: Canva
Estudos e relatórios | Imagem: Canva

No primeiro semestre de 2025, os investimentos em fintechs no Brasil somaram R$ 820 milhões em 25 rodadas. É o menor patamar registrado desde 2020, período em que o setor dava os primeiros sinais de expansão. Os dados são de levantamento feito pelas consultorias de inovação Liga Ventures e Spiralem.

No ano passado, as empresas do setor levantaram R$ 4,8 bilhões, alta de 54% contra os R$ 3,1 bilhões registrados em 2023. Em número de transações, porém, houve redução de um ano para o outro – de 75 para 64 deals. Os números estão bem distantes dos anos áureos de 2021 e 2022, quando os aportes somaram R$ 17,7 bilhões e R$ 10,4 bilhões, respectivamente.

Fonte: Liga Ventures e Spiralem

Na visão de Bruno Diniz, sócio-fundador da Spiralem, 2024 trouxe os primeiros sinais “consistentes de retomada – agora em bases mais sólidas”. Segundo ele, o investidor atualmente está bem mais seletivo, priorizando fintechs com especialização clara e proposta de valor bem definida. A tendência hoje é que haja predileção por negócios cujos modelos sejam financeiramente sustentáveis e dependam menos de queima de caixa intensiva. “Estamos entrando em um estágio de seleção natural no qual a inovação não será um diferencial, mas sim critério de sobrevivência”, escreveu o especialista no estudo.

Perfil das fintechs no Brasil

O estudo mapeou 910 fintechs ativas no Brasil em julho de 2025. A maioria (68%) tem foco no mercado B2B — mais que o dobro das voltadas ao consumidor final. Entre as categorias B2B, gestão financeira lidera com 85 startups (9,3% do total), seguida por meios de pagamento com 75 startups (8,2%).

“As fintechs B2B têm papel central na modernização da infraestrutura financeira do País”, afirmou Bruno. “Elas operam nos bastidores, mas são essenciais para o aumento de eficiência e digitalização de serviços.”

O levantamento traz uma análise sobre a maturidade das fintechs no País. A maior parte das empresas (43%) são classificadas como emergentes. Já 28% são nascentes, enquanto 24% são definidas como disruptoras. Por sua vez, 16% estão na categoria estáveis [veja detalhes sobre os quatro perfis no quadro abaixo].

Fonte: Liga Ventures e Spiralem

Ainda conforme o mapeamento, 114 fintechs dizem aplicar Inteligência Artificial (IA) em suas soluções, sobretudo em análise de crédito e scoring, cibersegurança, personalização de marketing, geração de insights e recomendações de ofertas, automação de processos e atendimento aos clientes.