Gabriel Galípolo/Banco Central | Imagem: print de tela
Gabriel Galípolo/Banco Central | Imagem: print de tela

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que as medidas adotadas pela autarquia diante dos desafios de segurança enfrentados nos últimos meses foram pensadas para serem “assertivas” e “cirúrgicas”, e não para gerar respostas midiáticas. A declaração ocorreu durante o “Almoço Anual dos Dirigentes de Bancos 2025“, realizado nesta segunda-feira (24/11) pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Na avaliação de Galípolo, o BC conseguiu agir de forma “rápida e tempestiva” frente aos desafios de segurança. Ele destacou a rapidez com que a indústria financeira respondeu a essas questões. E também citou o trabalho em conjunto com órgãos como Polícia Federal (PF), Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e Ministério Público (MP).

“Desde o início, a gente esteve numa discussão muito próxima com o Coaf, com a Polícia Federal. Em nenhum momento, a intenção foi fazer medidas que tivessem algum tipo de resposta midiática, mas sim que elas fossem assertivas e cirúrgicas para endereçar o que era o problema efetivamente”, disse Galípolo.

Em 2025, o setor financeiro enfrentou uma onda de ataques hackers, tendo como alvos principalmente os Provedores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTIs) – players que conectam instituições à Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN). Além disso, operações deflagradas pela PF em colaboração com Receita Federal, Ministério Público e outros órgãos apontaram esquema de lavagem de dinheiro para o crime organizado, envolvendo postos de combustíveis, fundos de investimento e fintechs.

No tema de estabilidade financeira, Galípolo também reconheceu desafios enfrentados em 2025, embora não tenha dito quais especificamente. Na última semana, por exemplo, o BC decretou a liquidação do Banco Master, paralelamente à Operação Compliance Zero, da PF, para investigar a possível “fabricação de carteiras de crédito insubsistentes” pela instituição.

Na visão de Galípolo, com uma “equipe técnica competente”, o BC passou por “diversos problemas” em diferentes dimensões de estabilidade financeira. “E como diz meu amigo Renato [Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução], o Banco Central seguiu o gabarito. Cumpriu ali exatamente o que é a norma, o regimento legal, e passou por cada uma dessas fases, graças à diligência de toda a equipe”, afirmou Galípolo.

Bancos são “falíveis”

Segundo o presidente da autarquia, a supervisão bancária é um trabalho permanente, não uma “obra completa”. O presidente do BC também agradeceu ao MP, à PF e ao Judiciário nos casos de estabilidade financeira. “Foi muito importante o trabalho de cooperação e colaboração da maneira que a lei prevê”, afirmou. É muito gratificante ver as instituições de Estado funcionarem da maneira que elas devem, respeitando o sigilo, podendo fazer um processo de cooperação e troca de informação.”

Galípolo mencionou que as questões sobre estabilidade financeira estão na ordem do dia não só no Brasil, mas mundo afora. “Bancos são instituições falíveis. Acontece nos Estados Unidos, acontece na Suíça”, afirmou. “O importante é a gente sempre aprender e conseguir inovar para que você não caia na repetição de problemas que aconteceram no passado”, complementou.

Nesse sentido, o presidente do BC voltou a defender a necessidade de avançar na discussão do perímetro regulatório. E isso exige evoluir no arcabouço legal institucional da autarquia, disse ele. “É muito importante que o Banco Central tenha recursos para fazer investimento. Hoje, por exemplo, a Inteligência Artificial oferece uma série de ganhos para o setor de supervisão, para que você não tenha que trabalhar mais com amostragem, para que possa ter automação e fazer uma série de investimentos nessa área”, citou.