Especialistas discutem nova economia, tokenização e cripto | Imagem: print de tela
Especialistas discutem nova economia, tokenização e cripto | Imagem: print de tela

O avanço da tecnologia blockchain e da tokenização de ativos prometem tornar a economia cada vez mais digital, conectada e interoperável. Para especialistas, essa revolução em curso já está redesenhando os papéis de diversos agentes no setor financeiro. Não à toa, o tema movimenta iniciativas regulatórias ao redor do globo, inclusive no Brasil, onde o Banco Central (BC) está atento e em diálogos constantes com o mercado para pavimentar as “regras do jogo” nessa seara.

No futuro, vislumbra-se a tokenização de ativos que hoje sequer existem, projetou Rogerio Melfi, cofundador e responsável por Produtos (Chief Product Officer, CPO) da fintech PilotIn. “Em breve, e esse em breve vai demorar um pouquinho. Estou falando daqui a cinco, sete anos, vamos começar a ter tokenização de ativos que hoje não registramos. Podemos até tentar dar exemplos, mas é difícil porque nem sabemos exatamente o que vai ser”, disse ele durante o evento “Fintech Trends 2025”, realizado nesta quinta-feira (30/10) pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate). “Pode ser registrar, tokenizar meu tempo de trabalho, e isso estar numa bolsa com alguém investindo”, brincou.

Para Melfi, o futuro passa por ter protocolos globais, parte do que vem sendo chamado de “finternet“, ou internet das finanças. “Você vai mandar uma mensagem nesse protocolo via DeFi, via uma rede, vai passar pelas políticas de lavagem de dinheiro, antifraude, e vai chegar no destinatário, esteja ele onde estiver no globo”, disse. DeFi é a sigla em inglês para finanças descentralizadas.

Evolução e desafios

Até lá, no entanto, há um percurso. Na visão do especialista, hoje a economia nem é totalmente digital, tampouco funciona 24 por 7. “A economia que estamos vivendo atualmente está migrando para o digital. Grande parte hoje ainda está no eletrônico, e não funciona 24 por 7”, apontou Rogerio. Neste momento, os principais objetivos dessa transformação com a tokenização de ativos incluem aumentar eficiência e segurança, assim como acelerar a pulverização de investimentos, disse.

Kauê Cano, responsável técnico da Solana Foundation na América Latina, citou alguns exemplos da intersecção entre as finanças tradicionais e as DeFi. “Temos alguns cases já rolando envolvendo recebíveis na economia criativa. Por exemplo, uma marca que quer fazer uma ativação e precisa de capital. Outro mercado é o de recebíveis médicos. São exemplos de como a tecnologia blockchain tem impacto no mundo real”, comentou ele.

Para Fernando Trota, CEO da Triven, alguns desafios precisam ser endereçados. Entre eles, gestão de riscos, incertezas jurídicas e conhecimento sobre blockchain. Esses aspectos acabam, segundo ele, prejudicando a liquidez dos ativos. “Por não ter regulação muito bem definida e até uma questão cultural de estarmos familiarizados com esse tipo de ativo, você acaba prejudicando a própria liquidez. Muita gente tem medo de brincar com esse bicho.”