A Plataforma Tentáculos, ferramenta da Polícia Federal (PF) para combate a fraudes bancárias e golpes financeiros no ambiente digital, avançou em 2024 com a integração das polícias civis estaduais, a inclusão de dados sobre golpes financeiros na plataforma e novos investimentos em tecnologia para aprimorar investigações. As informações foram apresentadas por Otávio Margonari Russo, diretor de Combate a Crimes Cibernéticos da PF, durante o 2º Congresso Febraban de Prevenção à Fraude e Segurança Cibernética e Bancária.
A integração das polícias civis estaduais é um dos principais avanços da Tentáculos. Dois estados, Goiás e Distrito Federal, já assinaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) e iniciaram o uso da ferramenta. Outros estados, como São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco, estão próximos de formalizar a adesão. Além disso, policiais civis estão sendo treinados para operar o sistema, o que deve ampliar a capacidade de investigação das fraudes bancárias.
Outra novidade é a inclusão de dados sobre golpes financeiros na plataforma. A medida permite um mapeamento mais completo das organizações criminosas. “As mesmas quadrilhas que cometem fraudes bancárias também aplicam golpes. Agora, temos mais informações para produzir provas mais robustas”, explicou Otávio.
Novas tecnologias
A plataforma também passou por aprimoramentos tecnológicos para otimizar o compartilhamento de informações entre bancos e forças de segurança. Cristiano Moura, senior head de antifraude do Santander Brasil, destacou que a padronização de dados foi um desafio superado. “Agora temos uma base única de informações, alimentada por todas as instituições financeiras, o que representa um grande salto na eficiência das investigações”, disse Cristiano.
A Polícia Federal e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também estão investindo em tecnologia para reduzir a necessidade de input humano no sistema e garantir um padrão mínimo de qualidade nas investigações em todo o Brasil. “Estamos aprimorando a ferramenta para que os relatórios gerados tenham mais precisão, independentemente do estado ou da polícia que os utiliza”, afirmou Otávio. Os bancos estão investindo em Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning para aprimorar a análise de padrões e prevenir fraudes antes que ocorram.
A cooperação internacional foi outro tema abordado no congresso. A PF tem trabalhado com órgãos como a Interpol e a Europol para combater fraudes bancárias transnacionais. “A fraude bancária envolve engenharia social e, muitas vezes, atravessa fronteiras linguísticas e geográficas. Nossa cooperação internacional é diária e essencial para desmantelar essas redes”, explicou Otávio.