Aarin, techfin do Bradesco, cresce 300% e mira na infra para crédito

Neste momento, a empresa está rodando um piloto com dois marketplaces, diz a CEO Ticiana Amorim ao Finsiders

A Aarin, techfin comprada em março de 2022 pelo Bradesco, tem como grande aposta para 2024 o que a CEO e fundadora, Ticiana Amorim, chama de “crédito contextualizado”. Com uma receita 4 vezes maior este ano em relação a 2022, a empresa espera avançar ainda mais com uma plataforma de ‘lending as a service’ (LaaS). O foco está, principalmente, em marketplaces e seus ‘sellers’. Além da tecnologia construída pela empresa, outro diferencial é que o funding para as operações virá do Bradesco

A entrada da Aarin no “crédito contextualizado” foi revelada pelo site parceiro Fintechs Brasil em junho. Agora, a iniciativa começa a ganhar corpo. Neste momento, a techfin está rodando um piloto com dois clientes, ambos com perfil de marketplace — por contrato, Ticiana não pode revelar os nomes. “Estamos negociando com alguns dos maiores marketplaces do país”, diz a CEO. “Nossa expectativa é, a partir de janeiro, ter um novo player a cada 2 meses.”

Ela explica que a Aarin vai oferecer toda a infraestrutura tecnológica para as empresas B2B que tenham intenção de atuar com crédito para seus clientes, no “mar fechado”. Um exemplo é um marketplace de delivery de comida que pretende dar crédito para os restaurantes de sua base. A solução, no formato white-label, roda dentro da plataforma do cliente, seguindo a tendência do ‘embedded finance’. “E os ‘sellers’ não precisam ser correntistas do Bradesco”, afirma Ticiana.

A operação de “crédito contextualizado” pode ser construída tanto com os recursos do banco, quanto com estruturas e veículos do mercado. “Criamos esse motor de maneira agnóstica. Se a empresa quiser usar um fundo próprio, também pode”, explica a CEO. 

Hub de tecnologia financeira

O crédito é a mais nova peça no hub de tecnologia financeira da Aarin. Fundada em 2020 em Salvador (BA), a empresa desenvolveu um core bancário para empresas nativas digitais. Neste ano, a techfin completou a oferta de banking as a service (BaaS) que antes só operava com Pix. Com um mix mais amplo de soluções, Ticiana diz que a empresa aumentou o tíquete por cliente, porém precisou enxugar o tamanho da carteira. 


“Demitimos muitos clientes. Passamos de mais de 300 para os atuais mais de 50”, conta a CEO. “A estratégia da Aarin não é atender muitas empresas, e sim oferecer tecnologia com customização, no estilo ‘boutique’”, diz a executiva. Em contrapartida à diminuição da base de clientes, ela diz que a receita está crescendo 300% neste ano em relação a 2022. “Temos um crescimento saudável, sem exorbitância de investimentos e com um custo de aquisição de cliente (CAC) baixo.”

A estratégia da Aarin é atender empresas que têm ecossistemas com outras companhias. “Elas criam um ‘mar fechado’, entregando valor para cadeia de clientes. Isso possibilita rastrear os dados e, assim, o fluxo do dinheiro”, diz Ticiana. Essa característica permite à techfin não apenas avançar com o “crédito contextualizado” — que bebe da fonte do Open Finance —, como também com sua solução de split de pagamentos.

ITP é a próxima fase

Aliás, essa tecnologia deve ganhar impulso com o serviço de iniciação de pagamento (ITP). No mês passado, a Aarin recebeu autorização do Banco Central (BC) para operar como instituição de pagamento (IP) nas modalidades emissor de moeda eletrônica (permite gerenciar contas pré-paga) e ITP. “Como somos fortes no ‘split’ atendendo marketplaces, vira e mexe tem cliente pedindo o serviço de ITP”, conta Ticiana. 

Com o aval do regulador, agora a techfin vai passar por todos as exigências de certificação e homologação no âmbito do Pix e do Open Finance. O processo, que costuma levar meses, fará a empresa ingressar numa lista que hoje tem 25 instituições — de grandes bancos a fintechs e cooperativas. 

Mercado

Em infraestrutura de crédito, a Aarin entra em uma arena bastante competitiva. A QI Tech, que espera chegar a R$ 10 bilhões em novas emissões de crédito até o final de 2023, é um dos principais concorrentes. Para completar o ciclo, recentemente a fintech também passou a operar como DTVM. 

Outro nome forte é a Celcoin que, em fevereiro de 2022, comprou a catarinense Flow Finance, para avançar no negócio de infra de crédito. No segmento de plataformas B2B, a Dinie é mais uma fintech que aposta no “embedded lending”. 

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