As novas "jogadas" da Pay4Fun, fintech especializada em apostas online

Com R$ 2,4 bilhões transacionados em 2022, a Pay4Fun vai apostar em novos mercados, como turismo, entretenimento e eSports

Nos últimos anos, nomes como Betano, Pixbet, Sportsbet.io passaram a estampar as camisas dos maiores clubes do futebol brasileiro, num movimento que revela a expansão dos sites de apostas esportivas, que devem faturar R$ 12 bilhões em 2023 e aguardam regulamentação local desde dezembro de 2018, quando o então presidente Michel Temer sancionou a lei 13.756/18. A fintech Pay4Fun, especializada no segmento, é uma das que “apostam” no mercado regulado como um dos motores de crescimento para o setor.

“A gente briga por essa regulamentação há um tempo. Do mesmo modo que vai aumentar a concorrência para grandes operadores, vai regulamentar as fintechs que atuam nesse mercado”, avalia o CEO e cofundador da Pay4Fun, Leonardo Baptista, que atua há cerca de 20 anos nas indústrias de ‘gaming’ e ‘gambling’ e há cinco montou a fintech, com Ari Celia, Fabrício Murakami Marlon Rupe e Ronaldo Reis.

Autorizada a funcionar como instituição de pagamento (IP) pelo Banco Central desde junho do ano passado, a Pay4Fun faz o “meio de campo” entre jogadores e empresas provedoras de apostas esportivas. Atualmente, a fintech tem uma base com 1,1 milhão de usuários ativos (que fizeram alguma movimentação nos últimos 60 dias) e mais de 350 sites como clientes, entre eles, Bet365, Sportsbet.io e PokerStars.

No ano passado, a empresa transacionou R$ 2,4 bilhões e espera, no mínimo, dobrar esse volume em 2023, revela Leonardo, em conversa com o Finsiders. “Com a regulamentação, o céu é o limite”, diz o empreendedor. “Por mais que entrem concorrentes, tubarões nesse aquário, a gente entende desse setor e já temos um volume considerável de um mercado que é muito maior.”

Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun. Foto: Divulgação
Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun. Foto: Divulgação

Para o usuário final, a Pay4Fun oferece uma conta que pode ser carregada com Pix e outros métodos de pagamento como TED, TEF e boleto — a maioria (90%) faz as transações via Pix. Em dezembro do ano passado, a empresa também lançou um cartão de crédito pré-pago, com bandeira Mastercard, em parceria com a fintech argentina Pomelo.

Próximos passos

Enquanto a regulamentação das apostas esportivas não sai (leia mais sobre o tema ao final da matéria), a Pay4Fun se movimenta em outras frentes, como parte de uma estratégia de diversificação. Por exemplo, a companhia vai entrar em novos mercados, como turismo, entretenimento (shows, peças de teatros etc.) e eSports, conta Leonardo. “A ideia é que a pessoa possa usar a carteira da Pay4Fun para tudo que for relacionado a ‘fun’”, diz o CEO.

A Pay4Fun também está preparando as malas para desembarcar em mais países da América Latina. A companhia já possui escritório e operação montados no Chile, Peru e México. “Até o final do semestre queremos ter isso funcionando”, afirma Leonardo.

Segundo o empreendedor, a ideia é agregar cada vez mais produtos para o usuário permanecer na plataforma. “Só não vamos dar crédito”, diz ele. A empresa está em processo de solicitação para ter acesso direto ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). No Pix, a Pay4Fun atualmente opera por meio de parceiros que estão conectados ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), mas já vislumbra ser participante direto. “Vamos para a brincadeira de gente grande.”

Regulamentação

Embora o mercado de apostas esportivas tenha sido legalizado no fim de 2018, as empresas que atuam no segmento — em sua maioria, estrangeiras — basicamente continuam operando no Brasil e atraindo usuários, sem precisar pagar impostos localmente. Apesar de a própria lei prever a regulamentação até o fim de 2022, o tema não avançou durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O assunto voltou à pauta no início do governo Lula. Em entrevista recente ao UOL, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que a pasta está fechando os detalhes da tributação do setor de apostas esportivas online e disse esperar uma arrecadação entre R$ 2 bilhões e R$ 6 bilhões.

Para especialistas ouvidos por uma reportagem da BBC Brasil, mais do que taxar o serviço, a regulamentação deve trazer mais segurança jurídica e potencial de negócios para o setor. “Diversos operadores ainda não entraram no Brasil, à espera de regulamentação”, diz Leonardo, da Pay4Fun.

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