Na Pluggy, chegou a hora de "plugar" o Open Finance regulado

Com nova funcionalidade, fintech prevê dobrar base de clientes e faturamento até junho de 2024, diz o cofundador Bruno Loiola ao Finsiders

Fundada há três anos, a Pluggy se especializou no desenvolvimento de soluções para empresas que querem oferecer experiências a seus clientes a partir do Open Finance não regulado. Na prática, a fintech construiu APIs para captura e enriquecimento de dados financeiros — elas se conectam diretamente com as mais variadas instituições financeiras, mas sem fazer parte do ecossistema do Open Finance criado pelo Banco Central (BC)

Sim, isso é permitido, desde que sejam cumpridas as regras da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) — o que a Pluggy e outras fintechs no mesmo ramo garantem fazer. Agora, a empresa está adicionando o chamado “conector” ao ambiente regulado pelo BC. Em outras palavras, a fintech desenvolveu uma tecnologia que possibilitará os seus clientes — atuais e potenciais — desfrutarem dos benefícios do Open Finance regulado.

“A partir de agora, com um clique e usando a mesma API, permitimos que nossos clientes tenham conexão com o [Open Finance] regulado também”, diz Bruno Loiola, cofundador da Pluggy, em entrevista exclusiva ao Finsiders. Para isso, a fintech firmou uma parceria com o que chama de “importante” instituição financeira. 

O empreendedor, porém, não revela o nome da empresa, mas diz que é um player que atua como iniciador de transação de pagamento (ITP). Atualmente, há 25 ITPs aptas a operar, mas são poucas que oferecem “ITP as a service” — ou seja, façam suas apostas! 

Expectativas

Até o fim deste mês, a Pluggy vai oferecer esse novo recurso de forma gratuita, tanto para as mais de 120 empresas de sua base, quanto para novos clientes. Neste momento, mais de 20 companhias estão testando a solução. “Já temos casos de empresas que colocaram em produção [no ar] em 2 dias”, diz Bruno, também sem citar os nomes. 

Com a nova funcionalidade, a Pluggy prevê dobrar a base de clientes e o faturamento até junho de 2024. A expectativa é atrair empresas, financeiras ou não, que não sejam autorizadas pelo BC. “Inclui BPOs financeiros, ERPs, sistemas de contabilidade, comparadores de crédito”, explica Bruno. 

Mesmo ainda sem fazer tanto “barulho”, o empreendedor diz que tem “pelo menos 4 leads”, além de uma empresa já testando a novidade. No caso da base atual, Bruno acredita que metade dos clientes vai usar o conector ao Open Finance regulado nos próximos seis meses. 

Atualmente, a Pluggy atende desde startups até dois bancos de grande porte — do segmento S1 –, passando por fintechs, cooperativas de crédito e empresas de tecnologia. Na carteira estão nomes como Porto Seguro, Sicredi, Sinqia, Kavak, entre outros.

Desafios e próximos passos

Conforme explica Bruno, as empresas podem recorrer a ambos os modelos — Open Finance regulado e não regulado — para expandirem as possibilidades de ofertas aos usuários finais. No ambiente regulado, um dos grandes desafios hoje é a qualidade dos dados que estão sendo compartilhados entre as instituições. “Esse problema diminui o real potencial do Open Finance em transformar os serviços financeiros”, aponta o cofundador da fintech.

Na visão de Bruno, existe um “gap” na qualidade de dados de algumas instituições, mas houve uma melhora “substancial” nos últimos meses. “Algumas instituições financeiras, inclusive, estão mandando informações completas já na fase 4B, de investimentos, que acaba de ser iniciada. Confesso que me surpreendi com isso”, afirma ele.

Em outro movimento, o empreendedor revela que a Pluggy está explorando “internamente” a iniciação de pagamento por meio dessa (misteriosa) instituição parceira. A fintech também já pediu autorização ao BC para operar como ITP e aguarda a aprovação para dar sequência a todos os passos que são exigidos pelo regulador. “Faz parte do nosso roadmap principalmente para clientes B2B. Diria que é um plano para o começo do ano que vem. Já estamos selecionando alguns clientes para fazer testes”, diz.

Mercado

Na arena de empresas que oferecem soluções no universo do Open Finance, a Pluggy naturalmente não está sozinha, dada a evolução do próprio tema. Players como Belvo, Klavi, Finansystech (da Celcoin), Akropoli e Lina Open X são alguns exemplos. 

De acordo com os dados públicos mais recentes, o Open Finance no Brasil ultrapassou a marca de 40 milhões de consentimentos ativos e cerca de 27 milhões de clientes pessoas físicas. O número de usuários do sistema no país pode chegar a 60 milhões até 2025, nas projeções da consultoria Oliver Wyman.

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