A SRM Ventures, braço de Venture Capital criado pela SRM Asset, acaba de injetar R$ 40 milhões na fintech Juvo, que atua com crédito para pessoas de classes D e E. O acordo — anunciado com exclusividade ao Finsiders — prevê a disponibilidade desse valor pela SRM como funding para as operações de crédito, em troca de uma participação minoritária (percentual não revelado) na startup.
Com o recurso, a Juvo prevê aumentar em mais de 10x sua oferta de empréstimo pessoal em 2023, em comparação com o ano anterior, quando concedeu cerca de R$ 6 milhões em crédito nessa modalidade. Nos últimos 18 meses, entre microcrédito para recarga de celular e empréstimo pessoal com valores de até R$ 2,5 mil, a fintech originou mais de R$ 400 milhões para 11 milhões de brasileiros.
“A parceria com a SRM Ventures vai permitir que a oferta [de crédito] seja maior este ano, mas sempre com responsabilidade. A ideia é crescer de uma forma que consiga, como um círculo virtuoso, melhorar a vida das pessoas e dar acesso a um crédito com juros mais baixos”, afirma Murilo Menezes, general manager da Juvo, em conversa com o Finsiders.
Modelo proprietário
Fundada em 2014 pelo norte-americano Steve Polsky, a Juvo tem no captable investidores como Mastercard, Samsung, Nokia, Ericsson, além de firmas de Venture Capital como NEA e Wing Venture Capital.
A fintech nasceu concedendo microcrédito para recarga de celular pré-pago, em parceria com operadoras de telefonia. Desde 2016, já realizou mais de 1 bilhão de transações de microcréditos em mais de 25 países. No Brasil, onde desembarcou em 2018 com esse primeiro produto, atende atualmente mais de 100 mil brasileiros por dia.
De lá pra cá, a empresa desenvolveu tecnologia e motor de crédito proprietários e, em fevereiro de 2022, deu mais um passo em sua jornada com o lançamento do empréstimo pessoal, após meses de testes. “Com o volume grande de informações e nosso modelo proprietário, conseguimos identificar mais de 15 milhões de potenciais clientes”, aponta Murilo.
O público-alvo da fintech são brasileiros com renda mensal de 1 a 4 salários mínimos, que apresentam “excelentes características de crédito”, mas ainda estão invisíveis para a maioria das instituições financeiras. Segundo ele, trata-se de um mercado inexplorado de US$ 17 bilhões. “Queremos ajudar essas pessoas com uma oferta de crédito justo que futuramente permitirá o acesso a outros serviços financeiros”, diz o executivo.
A Juvo concede empréstimos com valores entre R$ 700 e R$ 4,5 mil, para pagamento em até 12 parcelas mensais. A taxa de juros mínima é de 7,49% ao mês, podendo chegar a 12,49% ao mês. O percentual mínimo se aproxima da taxa média (7,66% mensais) atualmente cobrada por grandes bancos, conforme a última edição da pesquisa mensal feita pelo Procon-SP.
Para concessão do empréstimo, a Juvo utiliza o celular do cliente como garantia, ou seja, o aparelho é alienado até a pessoa concluir o pagamento do crédito. Em caso de atrasos, o aplicativo da fintech poderá bloquear o celular. “É uma restrição temporária em alguns aplicativos não essenciais, até o pagamento da parcela atrasada”, explica Murilo. “Nossa inadimplência é muito baixa e se manteve controlada, mesmo com cenário no último ano.”
Parcerias
A Juvo é a nona empresa a realizar esse formato de parceria com a SRM Ventures, o Corporate Venture Capital criado pela gestora de fundos SRM, dos irmãos Marcos e Salim Mansur. O plano é chegar ao final deste ano com entre 30 e 40 startups apoiadas por uma linha de crédito, diz André Szapiro, head da SRM Ventures. “Estamos olhando para muitas teses no mercado e, até então, não tínhamos uma solução para pessoas físicas”, afirma ele, ao Finsiders.
Segundo André, o objetivo da SRM Ventures é trazer soluções com alto potencial de escala, complementares e diferenciais tecnológicos. “Nosso modelo, com a placa SRM, é apoiar iniciativas de nicho. Desde o banco do médico até soluções e tecnologias muito específicas, como a Juvo, que nos impressionou bastante não só pelo potencial da empresa, mas também pela qualidade do time.”
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