Carlos Eduardo Brandt está de casa nova, após mais de 23 anos no Banco Central (BC). Considerado “pai do Pix“, ele passou a integrar o Fundo Monetário Internacional (FMI), onde atuará na equipe de Pagamentos e Infraestruturas do Mercado Financeiro. O anúncio foi feito por Brandt em seu perfil no LinkedIn nesta quarta-feira (27/8).
“Honrado em me juntar ao Fundo Monetário Internacional, no time de Pagamentos e Infraestruturas do Mercado Financeiro. Bastante animado para ampliar meus conhecimentos e apoiar o fortalecimento dos sistemas de pagamento globalmente!”, escreveu Brandt.
Personagem central na criação do sistema de pagamento instantâneo brasileiro, Brandt começou a trabalhar no BC em 2002. Na autarquia, onde seu pai e seu avô também atuaram, ele participou da reforma do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e da implementação do Sistema de Transferência de Reservas (STR), o coração do SPB.
“Foram mais de 20 anos dedicados ao aperfeiçoamento do sistema de pagamentos. Me dediquei muito. Aprendi demais. Acreditei que poderíamos fazer algo diferente, que seria possível inovar e poderia ajudar a construir um Brasil melhor”, escreveu Brandt em postagem também no LinkedIn, há uma semana, quando comunicou publicamente sua saída do regulador.
Contexto
Sucesso nacional, o Pix não só se popularizou rapidamente como projetou o BC para além do mundo do setor financeiro, alcançando a população e a sociedade brasileira como um todo. O sistema, que é exemplo para outros países, vem sendo definido como uma infraestrutura digital pública e estratégica para o País, como afirmou recentemente o presidente do BC, Gabriel Galípolo. A inovação brasileira está na mira do presidente norte-americano de Donald Trump desde 15/7, conforme documento publicado pelo escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês).
Ao mesmo tempo em que virou alvo dos EUA, o Pix também enfrenta desafios localmente. O maior deles tem a ver com o orçamento do BC para gestão e manutenção do sistema de pagamento. Servidores do BC, assim como o próprio presidente da autarquia, vêm defendendo a aprovação da PEC 65/23 no Congresso. A Proposta de Emenda Constitucional busca garantir autonomia financeira à autarquia.
O debate vai além da questão orçamentária. Num momento de escalada de fraudes e ataques cibernéticos envolvendo transações via Pix, o papel do BC como operador do sistema voltou a ser questionado. O projeto nasceu no mandato de Ilan Goldfajn e ganhou vida com Roberto Campos Neto à frente da presidência do BC.
Atualmente com 858 milhões de chaves cadastradas e mais de 250 milhões de operações diárias, o Pix soma 159 milhões de pessoas físicas e 15 milhões de empresas. Apenas em junho, o sistema movimentou R$ 2,8 trilhões. No acumulado do primeiro semestre, foram quase R$ 16 trilhões.