UM CONTEÚDO OVOCOM

Fusões e aquisições devem ter ano semelhante a 2024

A avaliação é de Carlos Lima, sócio de Pinheiro Neto Advogados, que atuou em 138 operações de M&A em 2024

Carlos Lima/Pinheiro Neto Advogados
Carlos Lima/Pinheiro Neto Advogados | Imagem: divulgação

Após um 2024 melhor do que o previsto inicialmente para o mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), mas menos pujante que 2021, a expectativa é que 2025 seja um ano semelhante ao anterior. No entanto, há chances de aquecimento maior no caso de boas notícias em relação ao controle de gastos públicos. A avaliação é de Carlos Lima, sócio de Pinheiro Neto Advogados, especializado em M&A e Private Equity, entre outros temas do universo empresarial, financeiro e corporativo.

No ano passado, aponta o advogado, o escritório atuou em 138 operações de M&A que foram assinadas ou concluídas em 2024. Esse número ficou acima das 131 operações que assessorou em 2023 e em linha com a média histórica do Pinheiro Neto. Porém, foi ainda inferior ao recorde de 210 negócios de M&A assessorados em 2021. Naquele ano, lembra o sócio, havia um contexto macroeconômico favorável, com o real mais apreciado em relação ao dólar, taxa básica de juros mais baixa, e maior liquidez no ambiente global.

“2024 começou desafiador, com preocupações sobre a reforma tributária, eleições municipais e atritos entre o governo e o Banco Central em relação ao nível adequado da taxa Selic para controle da inflação. Mas houve razoável recuperação no final do segundo trimestre, seguido de um segundo semestre do ano tradicionalmente mais aquecido para o setor do que o primeiro”, observa.

De acordo com o sócio do Pinheiro Neto, os ativos ficaram mais baratos ao longo do ano. Isso explica em parte o avanço dos M&As em relação a 2023, embora a taxa de juros mais elevada seja um fator inibidor dos negócios. “Companhias endividadas tiveram que adequar suas estruturas de capital através da venda de ativos menos relevantes. Mas não houve um ânimo geral do mercado para ir às compras. Não foi um ano memorável. Ainda assim, tivemos resultados consistentes e sólidos na área”, explica. “Temos muito a comemorar.”

Cautela

Para 2025, a perspectiva, por enquanto, é “mais do mesmo”: um mercado estável, com manutenção no número de negócios. Em termos setoriais, deve haver maior movimentação nas áreas de tecnologia, jogos e apostas, assim como em infraestrutura, principalmente no segmento de energias renováveis. De forma geral, porém, o quadro é de cautela e moderado otimismo.

“O câmbio muito depreciado não tem ajudado tanto quanto deveria. O investidor estrangeiro poderia estar mais animado com o real enfraquecido. Mas ainda não houve acomodação das taxas e o mercado de M&A tem sido mais local ultimamente”, destaca. “Mas se houver sinalização concreta de que o déficit público será controlado, com consequente redução dos juros, controle da inflação e equilíbrio do câmbio, o mercado brasileiro de M&A pode ter um aquecimento rápido e consistente em 2025.”

*Jornalista, sócio e CEO da Ovo Comunicação