
O mercado voluntĂĄrio de carbono passou por transformaçÔes significativas em 2024. Ao mesmo tempo em que enfrentou desafios reputacionais e flutuaçÔes nos preços, viu a consolidação de referĂȘncias de qualidade e a demanda crescente dos compradores por crĂ©ditos de maior integridade. Entre eles estĂŁo, por exemplo, reflorestamento e gestĂŁo florestal aprimorada. Isso aponta para um cenĂĄrio promissor em 2025, com novas metodologias em desenvolvimento e aumento no nĂșmero de empresas comprometidas com metas climĂĄticas. Ă o que mostra o relatĂłrio trimestral divulgado na semana passada pela Systemica, empresa de consultoria ambiental.
Apesar das controvérsias e mudanças institucionais, o organismo internacional Science-Based Targets initiative (SBTi), que ajuda empresas a estabelecer metas de redução de emissÔes de CO2, manteve sua relevùncia. A iniciativa fechou o ano com o aumento de 41% em relação a 2023 na quantidade de empresas que tiveram compromissos climåticos aprovados ou submetidos. Em 2024, a transição para iniciativas com maior integridade ganhou força, especialmente entre grandes empresas como Microsoft e Google.
Avanços
No Brasil, a promulgação do PL do Carbono no final de 2024 marcou o avanço do Sistema Brasileiro de Comércio de EmissÔes de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Esse é um importante passo legislativo antes da COP30, que ocorrerå em Belém, no Parå. A implementação do sistema serå 2029, mas passarå por etapas importantes este ano. Entre elas estão: regramentos adicionais sobre alocação de cotas, regulamentação de terras e definição de papeis claros para órgãos de supervisão.
Em escala global, a finalização das conversas para a operacionalização do Artigo 6 do Acordo de Paris na COP29, no AzerbaijĂŁo, no final do ano passado, Ă© motivo de comemoração. O mecanismo, que estabelece regras de cooperação internacional para redução das emissĂ”es de gases de efeito estufa, tem lançamento operacional previsto para este ano. A expectativa Ă© que definiçÔes claras de metodologias aceitas e a criação de um registro de transaçÔes sustentem a infraestrutura necessĂĄria para facilitar o comĂ©rcio global de carbono, garantindo a coerĂȘncia das polĂticas.
âAs questĂ”es conjunturais estĂŁo sendo tratadas e jĂĄ pode-se observar sinais de recuperação da demanda. Assim, espera-se que 2025 seja um ano de consolidação e retomada do crescimento do mercadoâ, diz Munir Soares, CEO da Systemica.
*Jornalista, sócio e CEO da Ovo Comunicação.