A carteira de ações “Recovery “, lançada em abril pela fintech de automação de investimentos SmartBot, já conquistou três mil clientes. “A estratégia da carteira é aplicar em ações de empresas com maior potencial de recuperação da pandemia”, disse Mateus Lana, diretor comercial, sócio e co-fundador da Smartbot ao portal Fintechs Brasil.
Depois de quatro anos aplicando inteligência artificial para ajudar os clientes a comprar e vender ações no mesmo dia (negócio conhecido como day trade), a SmartBot lançou em abril a SmartInvest, para aproveitar sua expertise de automação de investimentos em estratégias de longo prazo.
“Além da Recovery, temos 15 carteiras próprias e de terceiros”, diz Lana. A SmartInvest ganha cobrando assinaturas – mas por enquanto, para quem aplica até R$ 5 mil ou faz apneas simulações, o acesso é gratuito.
A carteira Recovery foi pensada para convencer os investidores a aplicar em ações em um momento tão desfavorável quanto abril, quando lançou o produto. Para completar o trabalho de convencimento, a fintech também recorreu muito à educação financeira, realizando diversas lives, explica.
“Hoje temos parcerias com 14 corretoras e movimentamos R$ 5 milhões, equivalente a 5% do volume de minicontratos negociado na B3”, informa. “Somos a única plataforma brasileira que oferece aplicações automatizadas para o varejo”, garante.
Segundo Lana, a solução da SmartBot é 100% web: “O cliente não precisa entender de robôs nem de tecnologia; pensa em um carro supermoderno e tecnológico: o motorista não precisa entender de mecânica, apenas saber sentar e dirigir; aqui também é assim: somos os mecânicos e os investidores são os motoristas”, compara.
Incubada na UFMG
A SmartBot tem origem em um grupo de estudos de colegas universitários da UFMG, em 2007. “Queríamos comprar barato e vender caro, ganhar dinheiro na bolsa; criamos uma planilha que acabou virando uma tese acadêmica”, relata. Na verdade, como empresa a SmartBot nasceu em 2012 na incubadora Inova, da mesma universidade mineira.
Na época não tinha API – interface de programação de aplicativos, na sigla em inglês – que juntasse o software das corretoras à Bolsa. “Descobrimos que a Bolsa vendia um serviço de cotações e montamos nossa plataforma. Mas foi uma luta até conseguirmos que uma corretora nos deixasse plugar nosso robô para operar”, disse.
Em 2014 os sócios começaram a oferecer seus serviços de inteligência artifical aplicada a investimentos e se transformaram em uma software house que programava robôs pra outros traders que tinham suas teses de investimento. “Na metade de 2016 lançamos a primeira estratégia de automação baseada em análises gráficas pra uso independente”. Lana brinca que era um modelo parecido com o da rede de fast food Spoleto, em que o cliente tem várias opções e escolhe as que quer colocar no prato – “mas nem sempre o cliente é um chef e a mistura pode não combinar tão bem”, diz.
Foi com a venda desse produto que a SmartBot ganhou escala, passando de poucas centenas para alguns milhares de clientes. “Desde então vimos aperfeiçoando a ferramenta, criando um sistema que permite simular rentabilidade passada; e agregando mais opções e passamos a oferecer soluções mais personalizadas, para clientes interessados em aplicar na Bolsa mas que não tinham conhecimento nem estratégia. Mantivemos o modelo “Spoleto” mas agregamos o “menu do chef”.
Somos uma prateleira de robôs que os clientes podem comprar ou alugar. Hoje temos 20 mil usuarios que operam pelo menos uma vez por semana. Temos robôs nossos e robôs de parceiros de renome, como o “Stormer”, que diversas corretoras como XP, CLear, Modal e Ágora também usam.
Lana explica que algumas casas usam o software russo Meta Trader. Mas a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está de olho, pois para oferecer essa opção, é preciso ter um profissional certificado na corretora, e nem todos tem – entre as poucas estão a própria SmartBot e a Trade Mschine.