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Como a IA generativa está transformando o mercado de pagamentos

A tecnologia está revolucionando a forma como as transações de pagamento são processadas, protegidas e otimizadas

Fabiano Droguetti/CSU Digital - Imagem: Divulgação
Fabiano Droguetti/CSU Digital - Imagem: Divulgação

Ao longo da história, o mundo e a sociedade foram se transformando conforme a tecnologia ia evoluindo. Máquinas a vapor e a possibilidade da produção em massa mudaram radicalmente a forma como os produtos eram fabricados e distribuídos na época da Revolução Industrial. Já os fluxos de informação foram redefinidos na era da internet. Cada grande avanço desencadeou ondas de inovação e mudanças em todo seu entorno, como uma pedra atirada em um lago.

É interessante pensar em como somos impactados por essas transformações. Como as pessoas receberam as primeiras máquinas no trabalho, lá em 1800? Quais as novas possibilidades trazidas pela internet? Não posso dizer muito sobre o mundo – menos ainda sobre os séculos passados – mas trabalho na área de tecnologia de grandes empresas de serviços há quase 30 anos.

De lá pra cá, acompanhei muitas novidades dos meios de pagamentos. Vi o dinheiro vivo “saindo de moda” para dar lugar aos cheques de papel, ou aos cartões, que ainda exigiam papel carbono e uma assinatura para finalizar uma compra.

Foi com a ascensão da internet que as transformações foram mais profundas e rápidas. O advento da era digital não só facilitou a realização de transações financeiras em escala global, mas também deu origem a novos métodos que revolucionaram a maneira como as pessoas lidam com o “dinheiro” e realizam transações comerciais, por exemplo, cartões de crédito e débito.

Essa passagem do físico para o digital foi uma abertura de novas possibilidades de inovação, impulsionada pela tecnologia e pela demanda crescente por soluções mais eficientes e seguras de pagamentos.

Próxima grande onda

Mas o que vem a seguir? Nesse momento, minha sugestão não é olhar para o futuro e identificar a próxima tendência do mercado. Isso porque já estamos diante da próxima grande onda que mudará toda a indústria financeira: a inteligência artificial (IA), especialmente um dos seus usos mais “populares”: a generativa.

Isso porque a Gen AI, como é chamada, vai além de simples automações; ela tem capacidade de criar, aprender e inovar. Essa nova fronteira permite que as máquinas gerem conteúdo original, simulem a criatividade e o comportamento humano, e explorem novas possibilidades de forma autônoma. Esse poder transformador abre portas para uma nova era de eficiência, personalização e segurança nos sistemas de pagamentos.

Para entender onde toda essa tecnologia pode entrar, vejamos o cenário atual do mercado de meios de pagamentos. Nos últimos anos, vivenciamos um “boom” de fintechs e bancos digitais, que concedem a maior parte de seus produtos e serviços de forma online. O resultado: 26,9 milhões de novos CPFs cadastrados no sistema financeiro nacional em dois anos e meio, desde 2020, segundo dados do Banco Central.

Digitalização

O brasileiro tem, em média, quatro contas bancárias abertas e cerca de três cartões ativos em sua carteira. A digitalização foi essencial para chegar nesse número, possibilitando que mais pessoas tivessem acesso à serviços, que se tornaram mais acessíveis, ágeis, seguros e personalizados.

Apesar disso, “da porta para dentro”, não vemos o mesmo estágio de digitalização. Muitas empresas se veem perdidas em processos manuais, não escaláveis, com pouco ou nenhum investimento tecnológico, uma curadoria de dados mínima, e pouca eficiência na gestão do conhecimento e governança da informação. E nós sabemos, de fato, que esse quadro pode ser revertido em um clique, com a IA.

No mercado de pagamentos, a IA já está em pleno movimento, revolucionando, por exemplo, a forma como as transações são processadas, protegidas e otimizadas. Tarefas como detecção de possíveis fraudes em transações, personalização de ofertas para clientes e prevenção de falhas de segurança podem ser realizadas de forma mais eficiente e confiável por sistemas alimentados por IA. Isso libera recursos humanos para se concentrarem em atividades mais estratégicas e criativas, impulsionando a inovação em toda a empresa.

Mudança interna

Além disso, a Gen AI complementa sua “mãe”, o machine learning, para a identificação de padrões a partir de conjuntos de dados. Assim, gera insights valiosos para melhorar a tomada de decisões e antecipar as necessidades dos clientes.

Um dos meus maiores desafios, e que acredito que é uma situação que muitas lideranças do mercado também enfrentam, é o de justamente olhar para o futuro e, assim, se antecipar sobre as necessidades e dilemas que os clientes dentro do ecossistema de meios de pagamentos têm enfrentado.

Entendemos que o primeiro passo seria justamente a mudança interna, de melhorar nossa estratégia de negócios visando mais tecnologia, chegando na frente de problemas que atrasam o desenvolvimento do mercado.

Temos discutido a IA generativa há algum tempo, e 2024 já tem demonstrado um ritmo bem acelerado. Dessa forma, deve impactar em uma adoção ainda mais ampla da tecnologia no mercado de pagamentos. Como as grandes evoluções do mercado, quem é pioneiro é visto, é reconhecido! Não será diferente com a IA. Capitalizar essa tendência, investindo em talentos qualificados, olhar constantemente para a sua infraestrutura tecnológica de ponta são tópicos primordiais.

E fecho com uma provocação: sua empresa está pronta para o que vem pela frente?

*Fabiano Droguetti é COO e CTO da CSU Digital.